sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As lutas e os preços a pagar....


Por elaine tavares




O trabalhador dedica sua vida ao trabalho, por mais de 30 anos. É sério, pontual, responsável, faz tudo como manda o figurino. Então, por conta de uma impensada e autoritária medida, vê seu mundo girar em ponta-cabeça. Num átimo, se vê aos gritos com um professor que jogou seu nome na lama. Sente-se mal, sofre, busca lá no fundo da alma a serenidade para seguir fazendo o que sempre fez até que venha a aposentadoria. Coisa que muitos esperam, agora, com franca ansiedade. "Não precisava disso agora, no fim da minha carreira". 

O clima e tensão foi vivido no CSE, na manhã de quinta-feira. O chefe do departamento de Contabilidade, Luis Felipe,  foi aos jornais da cidade para denunciar que, ali, trabalhadores estavam fraudando as folhas-ponto, depois que uma portaria da administração central alterou o cotidiano do atendimento das coordenadorias de curso. Confrontado por um grupo de trabalhadores ele manteve sua denúncia e disse que vai até o fim para que se cumpra a lei. 

O clima no CSE se multiplica por toda a UFSC. Como a universidade tem cursos nos três turnos, os trabalhadores, ao longo dos anos, foram adequando sua jornada de trabalho às demandas dos cursos. Se há que atender à noite é preciso atuar em turnos. E isso sempre foi feito assim. A vida de centenas de pessoas estava organizada dessa maneira.

Com a portaria baixada pela reitora Roselane Neckel, a ordem era o atendimento comercial, de oito horas, deixando à margem centenas de alunos que estudam à noite e que trabalham. Muitos trabalhadores decidiram que não iriam excluir esses usuários da vida da UFSC e seguiram trabalhando em turnos. 

Em meio a tudo isso existe uma greve de ocupação, na qual os trabalhadores decidiram trabalhar em turnos de seis horas, mantendo a UFSC aberta nos três turnos. Mas, a decisão da assembleia é de que aqueles que aderirem à greve não devem assinar o ponto, não porque não queiram o controle, mas porque estão em greve.

Todas essas situações tem gerado o caos na universidade. Há os calvinistas, que querem a moralidade pela moralidade, há os que são moralistas só com de "abajo", há os que querem manter a UFSC aberta por que tem "pena" dos estudantes, há os que lutam pela bandeira histórica da redução de jornada, há os que querem atacar a administração, há os que defendem a administração sem criticidade. Tudo isso misturado tem provocado cenas como essa vivida no CSE. Trabalhadores de décadas, cumpridores de seu dever, que se sentem humilhados por estarem colocados numa vala comum de "vagabundos" ou "fraudadores". 

É uma situação que não precisaria ter chegado onde está. Quase uma guerra entre as categorias. Técnico-administrativos ofendidos pelas acusações do professores prometem uma caça às ilegalidades. "Vamos ver quem está dando aula certinho, quem está cumprindo horas de pesquisa, quem está fazendo extensão? Vamos vigiar os colegas? Vamos caçar o deslize do outro?"

Tudo isso poderia ser resolvido com uma boa dose de diálogo, que é o que pedem os trabalhadores. A universidade tem especificidades. Não é um estabelecimento comercial. A jornada de trabalho deve atender às demandas dos usuários, que são os estudantes, técnicos e professores, além da comunidade em geral. Há coisas acontecendo o tempo todo. Não se pode fechar às seis. Afinal, há aulas até Às 22. A administração deveria ter a sensibilidade de perceber que errou ao baixar uma portaria sem discutir antes com os trabalhadores. Deveria suspender a portaria e abrir o diálogo. Assim, professores como esse que denunciou colegas no CSE poderia compreender melhor a batalha pelas 30 horas, e os TAEs poderiam organizar de forma mais adequada o atendimento. Até porque os técnico-administrativos não fazem apenas atendimento ao público, eles também pesquisaM e fazem extensão. Muitas vezes, a jornada de trabalho invade os sábados, os domingos, as noites e ninguém ganha mais por isso. 

Mas, enquanto a reitoria segue disputando força com os trabalhadores, a vida cotidiana vai ficando rota. Colegas de anos mal se olham, mágoas se acumulam e o ambiente de trabalho fica doentio. Uma triste realidade para um lugar que deveria ser a casa do saber.

E assim, a greve segue, abrindo a UFSC e pagando o preço por isso. 


quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Reitora decepciona mais uma vez




















 A assembleia esperada pelos trabalhadores da UFSC, para receber uma contraproposta da administração central, acabou em frustração. Ignorando todo o debate realizado nas duas reuniões de negociação a reitoria mandou um ofício que, em vez de uma proposta de resolução do impasse criado pela falta de democracia, só aprofunda ainda mais o autoritarismo. No documento ela afirma que as “faltas e impontualidades” serão registradas e os trabalhadores serão descontados. Ou seja, pela primeira vez na história da UFSC, um administrador – nesse caso uma administradora - se dispõe a não reconhecer um movimento de greve e a cortar o salário. Ainda segundo o documento, a reitora se remete à última greve comandada pela Fasubra, alegando que a Justiça já havia tornado a mesma ilegal. Confunde um movimento nacional, que acabou em 30 de junho desse ano, com a greve interna, inédita e histórica, iniciada em 05 de agosto, tendo como pauta central a retomada da democracia.

A decisão de cortar o ponto dos grevistas esbarra em algumas questões que deverão ser resolvidas pela administração. Como alegar impontualidade se os trabalhadores fazem uma greve de ocupação, portanto, trabalhando, nos seus locais de trabalho? Como computar falta se os trabalhadores estão nos seus postos, todos os dias, inclusive ampliando o atendimento? Como cortar o salário de quem está cumprindo com todas as suas funções? Que tipo de relação as reitoras Roselane e Lucia estão querendo estabelecer com a categoria que representa 70% do números de trabalhadores da instituição?

Durante a reunião de negociação realizada na semana passada, o chefe de gabinete Carlos Vieira e o professor Pinheirinho deixaram claro que a reitora tomaria uma posição com relação ao movimento depois de uma reunião com os Diretores de Centro – que agora virou o fórum de decisão da UFSC. Essa reunião aconteceu na terça-feira, e deve ter sido lá que os professores que ocupam cargos de administração, dirigindo os Centros de Ensino do UFSC, apontaram ou respaldaram a decisão – também histórica  - da reitoria em não reconhecer o movimento grevista e cortar o ponto de quem está trabalhando. Uma posição igualmente autoritária e antidemocrática em nada condizente com a vocação da universidade.

Mas, a administração não ficou só na ameaça de cortar o salário de quem está trabalhando e ampliando o atendimento. Ela também se nega a aceitar os boletins de frequência que foram registrados pelos trabalhadores como “em greve”. Nessa quarta-feira, um dia após a reunião com os diretores de centro, vários setores da UFSC devolveram os boletins de frequência para que fossem registrados neles a ausência dos trabalhadores. Conforme orientação da assembleia os grevistas apenas registraram “em greve”. Pois a reitoria insiste que os colegas que assumem postos de chefia delatem seus companheiros de trabalho, anotando na folha uma suposta falta, ou registrando que os trabalhadores deixaram de cumprir oito horas. De forma inédita, a administração institui a prática da delação, como num retorno a tempos obscuros. Segundo relatos de trabalhadores do Santa Clara, é o que está acontecendo no prédio da administração central. Da mesma forma, os professores, diretores de centro, estão se prestando a esse papel, já que serão eles os carrascos dos trabalhadores.

Ao que parece, a decisão dos diretores, junto com a administração central, foi de ignorar que há uma greve, e tratar a decisão do movimento como um caso “isolado” de insubordinação ou de impontualidade, podendo assim seguir com a cotidiana lógica de processar os trabalhadores com inquéritos administrativos, buscando punir individualmente, criando a cultura do medo.

Assim, surpreendidos com mais um ato autoritário do núcleo dirigente da UFSC, incluindo aí os diretores de centro, os trabalhadores avaliaram que a administração não tem intenção de resolver o impasse, muito menos de ampliar o atendimento. Há uma tentativa de vencer os trabalhadores com a “mão dura” de uma suposta moralidade, que é pesada com os trabalhadores, mas leve  com outros setores, como por exemplo, as fundações privadas que vivem dentro da UFSC. A velha regra política de massacrar os pequenos e ajoelhar para os grandes.

Os trabalhadores decidiram continuar a greve, sempre abertos à discussão. A comissão de mobilização vai apresentar algumas propostas de intensificação da luta e haverá uma forte fiscalização com relação a possíveis fraudes. Há informações de que em alguns centros viceja a política do “jeitinho”. Ou seja, os TAEs assinam a folha como se fizessem oito horas, mas fazem seis. Todas as denúncias levantadas serão apuradas. Mas é importante que as chefias já atentem para o perigo de estarem praticando falsidade ideológica.

Passado um mês do início da greve dos trabalhadores, a administração segue atuando de maneira profundamente antidemocrática, e se recusando ao debate. Coisa que tem surpreendido aqueles que votaram na chapa que hoje dirige a UFSC. “Eu votei nelas e fiquei aqui por causa delas. Já podia ter me aposentado. Agora, com tudo isso, eu decidi que vou me aposentar. Por causa delas”, declarou um trabalhador. Um momento de emoção para uma categoria já tão penalizada. “Elas vão passar, nós ficaremos. Por isso, vamos seguir lutando”. Os trabalhadores insistem que estão num movimento legítimo, que querem o debate fraterno sobre a jornada, envolvendo toda a comunidade e ainda acreditam na possibilidade da negociação.

A greve segue, apesar de todas as ameaças. Na sexta-feira uma nova assembleia acontece. É muito importante a participação de todos.




Relato do segundo dia do VIII FNCIS – 09/09/2014

Fonte: http://cis.ufsc.br/2014/09/09/relato-do-segundo-dia-do-viii-fncis-09092014/

Este segundo dia de Fórum Nacional da CIS foi de muita discussão. Iniciou com debate acerca do nosso plano de carreira, as dificuldades e perspectivas. Seguindo ainda pela manhã, debatemos o Plano Nacional de Qualificação. Pela tarde, tivemos os grupos de trabalho que debateram sobre  Democratização, Dimensionamento, Racionalização, Plano Nacional de Qualificação, Reposicionamento dos Aposentados e Terceirização.

Na discussão sobre carreira, foi apresentado brevemente um histórico da passagem do antigo plano de carreira (PUCRCE, 1987-2005) para o PCCTAE (2005-atual). Frisou-se que um projeto de carreira está articulado a um projeto de universidade, de educação e de sociedade. A carreira é mais que uma tabela salarial, mas uma política de valorização salarial deve fazer parte da carreira. Foram apresentados os avanços do PCCTAE no reconhecimento do TAE como trabalhador em educação, na pesquisa e na extensão, e de incentivo à formação (através da educação formal ou capacitação).
Também foram elencados os problemas enfrentados desde a sua implantação, como a limitação do desenvolvimento na carreira sem a ascensão funcional, os problemas de enquadramento dos aposentados, que foram prejudicados (reposicionamento dos aposentados) e a racionalização de cargos. Boa parte destes problemas tem esbarrado nas negativas do governo devido aos alegados impactos financeiros decorrentes.

Foram apresentados os princípios do SINASEFE para o PCCTAE (fortalecimento do vencimento básico, indexação com o piso do DIEESE, qualificação com correlação direta, step constante, linearidade) e a Fasubra destacou que se a carreira é um instrumento de gestão temos que voltar a discussão do piso e da data-base. É fundamental que os TAEs se apropriem da discussão sobre a carreira para que possamos construir coletivamente as formas de avançar.

A seguir foram feitos os debates sobre o Plano Nacional de Qualificação. As posições sobre o papel deste Plano foram diversas e divergentes. Alguns defenderam a importância do plano, mesmo com limitações, como forma de propor uma política nacional de qualificação, e que o mesmo deve ser replicado em cada instituição. Outros se posicionaram de que o Plano é um paliativo que serve mais como vitrine do que como ação de qualificação realmente, já que para atender a atual demanda levaria 180 anos. Independente das posições, avaliou-se que, apesar do Plano aprovado em janeiro e  com ações previstas para o ano de 2014, não estão definidas as responsabilidades e não há até o momento previsão orçamentária para operacionalizá-lo. Além disso, além do ingresso nos cursos que o Plano prevê, deve-se dar condições de permanência, com critérios para afastamento, por exemplo. De qualquer forma, este Plano não exime as instituições da necessidade de garantirem o acesso e a permanência dos TAEs na educação formal (graduação e pós-graduação).

Finalmente, na parte da tarde os participantes se dividiram em grupos de trabalho com objetivo de aprofundar a discussão e propor políticas e ações relacionadas aos seguintes temas: racionalização, dimensionamento, democratização, plano nacional de qualificação, reposicionamento dos aposentados e terceirização. A síntese desses GTs contribuirão para a elaboração da Carta de Vitória, que será finalizada amanhã e sintetizará toda a discussão deste VIII FNCIS, e deverá ser entregue para as reitorias, governo e representantes dos TAEs na Comissão Nacional e Supervisão da Carreira.
Vitória, 9 de setembro de 2014

CIS-UFSC

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Trabalhadores da UFSC fazem uma greve histórica



















por elaine tavares

O dia 05 de agosto de 2014  marcou um momento histórico na luta dos trabalhadores técnico-administrativos em educação (TAEs) na Universidade Federal de Santa Catarina. Depois de serem surpreendidos com uma portaria disparada pela administração central, a qual dispunha sobre a jornada de trabalho, eles decidiram aprovar uma greve de ocupação. Era a primeira greve interna da UFSC – embasada com pautas locais - e a primeira greve na qual em vez de parar as atividades os trabalhadores ampliavam o atendimento. Tudo isso porque a portaria chegou poucos dias de finalizada uma greve nacional, durante a qual os trabalhadores vinham num processo de discussão com a reitoria para a implantação das 30 horas, com atendimento ininterrupto de 12 horas ou mais. Os trabalhadores receberam a portaria como uma retaliação pela greve e uma quebra de acordo, uma vez que as conversas estavam fluindo no sentido de realizar debates sobre o tema em todos os centros da UFSC.

A decisão dos TAEs em realizar uma greve de ocupação surpreendeu também a comunidade, acostumada a associar greve com setores fechados. Mas, dessa vez, o que se viu foram setores abrindo ao meio-dia e também à noite, ampliando o serviço para os estudantes e público em geral. Em poucos dias de movimento a comunidade já começou a se apropriar da nova dinâmica, aprovando e solidarizando-se com os trabalhadores. No Departamento de Administração Escolar, um dos mais procurados pelos estudantes, a alegria era geral. “Facilitou muito a vida, porque a aula acaba meio-dia e a gente pode vir aqui e resolver tudo sem problemas. Quem trabalha tem o tempo certo para mexer com a burocracia”, explicava uma aluna da Economia. “Para mim é ótimo porque eu faço estágio e agora tenho tempo de resolver os problemas. Gostei bastante dessa jornada de 12 horas”. Da mesma forma, setores como coordenadorias de cursos e Pró-Reitorias, abertos ao meio-dia e à noite tiveram um fluxo muito grande de pessoas. “Uma greve assim é legal. Mas, bom mesmo seria se fosse sempre assim. Seria bom para toda a comunidade”.

A proposta dos trabalhadores com a greve de ocupação era fazer com que a administração central voltasse a dialogar e realizasse os debates sobre a jornada de trabalho em todos os setores da universidade conforme proposta do grupo Reorganiza, criado pela própria administração para realizar um levantamento sobre a viabilidade das 30 horas. O engavetamento do relatório e a edição da portaria – sem qualquer conversa com os TAEs - foram considerados como um encolhimento da democracia dentro da universidade. Essa gestão, encabeçada por Roselane Neckel e Lucia Pacheco, se elegeu com o discurso da conversa, dos debates, dos fóruns e da democracia, e o que se via era o contrário. Decisões autoritárias e unilaterais.

A greve foi se estruturando, vários setores aderiram e ampliaram o atendimento. Foi aí que começou o jogo de assédio e violência contra os trabalhadores em greve. Através da “rádio corredor” começaram a circular os boatos de que haveria corte de ponto, bem como algumas chefias, entendendo-se “mais reais que o rei”, começaram a pressionar os trabalhadores para que assinassem a folha ponto, quando a orientação da assembleia geral era de que os grevistas não assinassem. Dia após dia foi sendo criado um clima bastante tenso dentro da universidade. A greve se fortaleceu ainda mais, com os setores ampliando o atendimento em várias áreas da UFSC.  Estava claro para os trabalhadores que se a greve não estava judicializada e muito menos havia sido julgada ilegal, a administração não poderia realizar cortes ou ameaças. Fazê-lo configurava-se não só uma prática antissindical como um ataque à própria Constituição, que garante o direito à greve.

As negociações demoraram para acontecer, com a reitoria mantendo-se impassível diante das reivindicações. Mas, na última semana, uma reunião entre o comando de greve e uma comissão da administração central apontou alguma luz no final desse túnel. Depois de longas falas argumentativas de ambos os lados, ficou definido que a administração iria apresentar uma contraproposta nessa quarta-feira, dia 10, antes da assembleia.

A greve dos TAEs completou um mês recheada de conflitos por conta da atitude das chefias em preencher com falta o ponto dos grevistas que, por conta do caráter da greve, nunca deixaram de trabalhar. A folha foi entregue no dia 5 de setembro e muitos gestores de segundo e terceiro escalão ainda não estavam seguros sobre como proceder. Essa é, portanto, uma semana decisiva para o movimento dos trabalhadores.

A assembleia desse dia 10 pode demarcar uma nova etapa da luta. Por um mês inteiro os trabalhadores se desdobraram, ampliando o atendimento e realizando as tarefas da greve. Visitaram setores, conversaram com os colegas, organizaram o processo dos turnos. Muitas coisas mudaram no cotidiano. Setores que jamais abriram ao meio-dia agora já fizeram disso uma rotina. As coisas ficaram melhores, os estudantes estão satisfeitos. Resta saber se a administração central vai manter a posição intransigente de não discutir o tema com quem de fato precisa ser discutido: os trabalhadores. A decisão sobre a jornada foi tomada em reunião com apenas os diretores de centro, excluindo os trabalhadores. O que se espera é uma atitude democrática de debates e reflexões qualificadas sobre a jornada e o atendimento. Essa é a proposta do movimento: que haja espaço de debate, para que qualquer decisão que seja tomada venha ser democrática, com a participação real de todos os segmentos da universidade, e não apenas os gestores.

Os TAEs da UFSC esperam agora uma proposta da reitoria. E saberão atuar em consequência. Por isso, convidam todos os trabalhadores para essa assembleia que será decisiva. Depois de quase um ano de trabalho, o grupo Reorganiza observou que a universidade está preparada para dar esse passo histórico de reduzir a jornada e ampliar o atendimento. No âmbito dos técnico-administrativos não há mais nada a esperar. Eles estão prontos para avançar e garantir a vitória, não só para eles, mas para toda a classe trabalhadora. É hora das 30 horas que, inclusive, estão respaldadas na lei.

Todos à Assembleia dessa quarta-feira

















Nessa quarta-feira os TAEs tem nova assembleia geral, na qual avaliarão a última reunião de negociação, a possível contra-proposta da reitoria e os casos de assédio e violência que estão se registrando no âmbito da formulação da folha ponto.

Essa será uma assembléia muito importante e todos devem comparecer. Vamos avaliar a força do nosso movimento e os próximos passos da luta. A presença de cada um e cada uma é muito importante. Só os trabalhadores unidos poderão avançar na construção de uma universidade verdadeiramente democrática.

Nossa luta está bonita e com muitas adesões. Temos o apoio dos estudantes e da comunidade. O resultado de todo esse processo só depende de nós.

Todos à Assembleia Geral. Dia 10. 9h. Auditório da Reitoria.


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Nova reunião de negociação

A  reunião do comando de greve com a comissão da administração realizada na quinta-feira, dia 4, conseguiu andar alguns passos. Primeiro, os trabalhadores fizeram uma cobrança contundente acerca do assédio e da violência que vem se verificando em vários espaços da universidade na relação entre chefias e grevistas. Foi lembrado à administração de que existe uma greve e que essa greve não foi julgada ilegal em qualquer instância. Logo, não é possível admitir ameaças por parte de algumas chefias no que diz respeito a cortes de ponto.  A greve é um direito assegurado pela Constituição. Depois, insistiram que para haver uma negociação de fato, é preciso que a administração se disponha a discutir a portaria n.43. Não interessa nem aos trabalhadores nem aos gestores a continuidade do impasse.

Depois de longas falas e discussões, o chefe de gabinete, Carlos Vieira, afirmou que na próxima semana haverá nova reunião da administração com os diretores de Centro para debater o assunto. Depois dessa rodada de conversa, comprometeu-se então a enviar um documento por escrito aos trabalhadores com uma contraproposta. Sugeriu ainda que, se fosse necessário, seria chamada uma reunião ainda na terça-feira, antes da assembleia geral que acontece na quarta, dia 10.

O que se espera é que na terça-feira, a conversa, de fato, avance. Nessa sexta-feira os dirigentes fecharam a folha ponto, ainda com pressão sobre os trabalhadores em greve. O movimento segue forte na UFSC. 

Abaixo, no vídeo, a fala de alguns dos trabalhadores que estiveram na reunião de negociação. Publicamos apenas os depoimentos dos trabalhadores pois como não era uma reunião pública e aberta, não tínhamos autorização para publicar a fala dos gestores.  De qualquer modo, na fala dos representantes dos TAEs, estão as cobranças feitas e a tentativa de avançar na negociação. 


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A defesa do direito de greve



Em assembleia geral da categoria, no dia 05 de agosto de 2014, os Técnicos Administrativos em Educação (TAEs) da UFSC decretaram greve interna. Decidimos por uma greve de trabalho, em que ampliamos o horário de atendimento dos setores, para, no mínimo, 12 horas, mantendo a UFSC de portas abertas por mais tempo para a comunidade.

Naquela assembleia, a categoria deliberou também pela não assinatura das folhas-ponto, de forma a não legitimar esse instrumento de controle de frequência, que nos foi imposto sem discussão prévia, passando por cima de anos de luta e negociação da pauta da jornada de trabalho na UFSC.

Aproxima-se a data em que, segundo a Portaria Normativa 43/2014/GR, os servidores que ocupam cargos de chefia e coordenação deverão anotar os registros de frequência de cada TAE, referentes ao mês de agosto, nos Boletins de Frequência (até o 5º dia útil de setembro).

Verificamos que muitos TAEs ainda têm dúvidas sobre esse procedimento. É sabido, também, que há casos de assédio e intimidação em nossa universidade, e que há chefias ameaçando os grevistas com o registro de falta ao trabalho nos dias de greve. Aderir à greve é uma escolha individual dos TAEs. Não é admissível que as chefias da UFSC cobrem ou exijam a assinatura do ponto em período de greve. Isso é prática antissindical. É crime! Bem como pode se constituir em assédio moral, por reiteradas vezes a chefia, usando-se de sua posição hierárquica, constranger o TAEs a assinar um ponto em período de greve.

Diante deste cenário, é importante que os TAEs em greve se protejam contra registros falsos acerca de nossa condição enquanto grevistas. A categoria, na assembleia do dia 27/08, deliberou, para tal fim, que cada servidor exija, de suas chefias imediatas, que seja registrado, nos boletins de frequência, o fato de que a recusa em assinar a folha ponto deve-se ao fato da categoria estar em greve. Recomenda-se também que cada TAE exija uma cópia do boletim de frequência referente à sua pessoa, assinado pela chefia imediata, como forma de prevenção de adulteração do documento.

Cabe esclarecer que qualquer servidor que assine um documento oficial constando informação falsa está cometendo crime de falsidade ideológica, estando sujeito a processo administrativo e criminal. É importante termos ciência disso ao discutirmos a situação com nossas chefias imediatas.

Se você é TAE ou chefia, atente-se a isso. Não defenda hipocritamente legalidades enquanto assume práticas assediadoras ou antissindicais criminosas. O direito é greve é um direito constitucional assegurado a todo cidadão brasileiro e se a greve dos TAEs não é julgada ilegal, a assinatura do ponto apenas pode ocorrer por livre escolha do TAE que optar por não aderir à greve. Se você não é juiz, também não julgue antecipadamente a greve. Isso é, no mínimo, desvio de função. Atente-se a sua função, respeite as funções dos juízes e os direitos dos TAEs enquanto servidores públicos e cidadãos.

Não devemos nos intimidar perante as pressões da administração central e de seus representantes dentre as chefias e direções. A greve é um direito dos trabalhadores de todo o mundo, e cabe a nós a tarefa de não apenas exercê-lo, mas também de fazê-lo reconhecido!