Foto: Sintufsc
Por elaine tavares
Apesar de ser sempre muito difícil dialogar com a
truculência, não dá para deixar de ir às assembleias do Sintufsc. Afinal,
querendo ou não, é ali que se definem as lutas da categoria. Então, lá fomos
nós para a assembleia de quinta-feira (dia17). Os temas eram importantes para
toda a nossa categoria, quais sejam: adoecimento, assédio moral, direito à saúde
e ponto eletrônico. Nada da grande política, ainda que o Brasil esteja a arder.
Não esperaria coisa diferente de uma direção que jamais se dignou a discutir os
grandes temas do país com os trabalhadores. Por outro lado, na nossa vida
cotidiana isso é fundamental e interfere radicalmente na nossa existência.
Não houve análise de conjuntura, nem qualquer menção à
montanha russa política que vivemos, como se os trabalhadores da universidade
não tivessem nada a ver com isso. O debate se resumia aos pontos intestinos. A questão
era então fornecer, aos colegas que participam de comissões criadas pela
reitoria sobre esses temas apontados lá em cima, propostas saídas da própria
categoria. Importante lembrar que essas comissões foram criadas a partir de uma
negociação feita ainda durante a última greve.
Pois, como sempre, lá estava o show de horrores perpetrado
pelo nosso sindicato.
A direção do Sintufsc simplesmente negou legitimidade aos
colegas que estão nas comissões, porque eles não foram escolhidos em assembleia
do sindicato. Ora, as comissões são fruto de uma batalha de greve, construídas
em parceria com estudantes e professores, porque afetam todo mundo. E foram
aprovadas em uma assembleia universitária, instância política máxima da luta
dentro da UFSC. Se não há uma legitimidade legal, por não ser uma assembleia
específica da categoria, há uma legitimidade política, na medida em que
estávamos em greve. Uma greve na qual os trabalhadores haviam sido praticamente
abandonados pelo sindicato, que inclusive, não quis participar da assembleia
universitária. Ou seja, o Sintufsc, ao não participar da assembleia
universitária, deu aos trabalhadores TAEs organizados – e que participaram da
AGU - a legitimidade de levar adiante o
que foi discutido.
Pois nessa manhã de fim de verão, no velho discurso
rancoroso contra os próprios trabalhadores (que são apontados como `a oposição`),
a direção do sindicato insistiu que se não tinha um representante do Sintufsc
na comissão, não deveria ser fornecida nenhuma informação e não seria reconhecida
a tal da comissão. Ou seja, danem-se os trabalhadores e seus problemas. É tudo
uma questão de ter ou não alguém da direção na comissão. Ora, se já tem ali
trabalhadores TAEs, porque não respaldá-los? A proposta que fiz foi justamente
essa. Que o sindicato assuma então a luta junto com os trabalhadores e chame os
colegas que estão nas comissões para uma discussão conjunta. Vamos trabalhar pelo
bem dos trabalhadores. Vamos fazer grandes discussões, chamando gente que está
por dentro da temática da saúde e do assédio moral, construindo políticas que
garantam uma vida saudável e plena ao técnico-administrativo. Vamos nos unir
pelo bem comum.
Mas, não. Temos de ouvir os argumentos mais pífios, de uma
política mesquinha e redutora, que leva toda e qualquer fala para o campo das “eleições”,
como se todos os trabalhadores fossem como eles, buscando o poderzinho das
instituições. A coisa foi tão medonha que a direção sequer encaminhou qualquer
proposta. Simplesmente definiram que os membros das comissões não representam a
categoria – porque não escolhidos pelo Sintufsc - e ponto final. Nada de juntar
forças, nada de construir políticas que pensem e avancem na questão da saúde,
do assédio e do ponto eletrônico. Nada de fazer autocrítica pela forma como
mutilaram e atrapalharam a última greve. Nada de nada. O sindicato dos
trabalhadores da UFSC – de tantas histórias de luta - hoje é um cadáver, incapaz de dar
respostas - mesmos as mínimas – para os
problemas reais dos trabalhadores.
Ao final da assembleia, tudo o que se decidiu foram os
representantes para a plenária em Brasília, coisa que nem estava na pauta. Sobre
o adoecimento, a saúde, o assédio moral e ponto eletrônico: Nada. Os trabalhadores que esperem pelas maravilhas
que serão oferecidas pelo novo reitor e sua trupe – da qual faz parte a maioria
dos dirigentes sindicais.
Um comentário:
O nome dos representantes foi tirada em assembléia de greve dos TAEs e não na AGU... O que aconteveu ontem foi pura implosão promovida pela direção do sindicato.
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