sexta-feira, 18 de março de 2016

Sintufsc: a carcaça de um cadáver


Foto: Sintufsc

Por elaine tavares

Apesar de ser sempre muito difícil dialogar com a truculência, não dá para deixar de ir às assembleias do Sintufsc. Afinal, querendo ou não, é ali que se definem as lutas da categoria. Então, lá fomos nós para a assembleia de quinta-feira (dia17). Os temas eram importantes para toda a nossa categoria, quais sejam: adoecimento, assédio moral, direito à saúde e ponto eletrônico. Nada da grande política, ainda que o Brasil esteja a arder. Não esperaria coisa diferente de uma direção que jamais se dignou a discutir os grandes temas do país com os trabalhadores. Por outro lado, na nossa vida cotidiana isso é fundamental e interfere radicalmente na nossa existência.

Não houve análise de conjuntura, nem qualquer menção à montanha russa política que vivemos, como se os trabalhadores da universidade não tivessem nada a ver com isso. O debate se resumia aos pontos intestinos. A questão era então fornecer, aos colegas que participam de comissões criadas pela reitoria sobre esses temas apontados lá em cima, propostas saídas da própria categoria. Importante lembrar que essas comissões foram criadas a partir de uma negociação feita ainda durante a última greve.

Pois, como sempre, lá estava o show de horrores perpetrado pelo nosso sindicato.

A direção do Sintufsc simplesmente negou legitimidade aos colegas que estão nas comissões, porque eles não foram escolhidos em assembleia do sindicato. Ora, as comissões são fruto de uma batalha de greve, construídas em parceria com estudantes e professores, porque afetam todo mundo. E foram aprovadas em uma assembleia universitária, instância política máxima da luta dentro da UFSC. Se não há uma legitimidade legal, por não ser uma assembleia específica da categoria, há uma legitimidade política, na medida em que estávamos em greve. Uma greve na qual os trabalhadores haviam sido praticamente abandonados pelo sindicato, que inclusive, não quis participar da assembleia universitária. Ou seja, o Sintufsc, ao não participar da assembleia universitária, deu aos trabalhadores TAEs organizados – e que participaram da AGU -  a legitimidade de levar adiante o que foi discutido.

Pois nessa manhã de fim de verão, no velho discurso rancoroso contra os próprios trabalhadores (que são apontados como `a oposição`), a direção do sindicato insistiu que se não tinha um representante do Sintufsc na comissão, não deveria ser fornecida nenhuma informação e não seria reconhecida a tal da comissão. Ou seja, danem-se os trabalhadores e seus problemas. É tudo uma questão de ter ou não alguém da direção na comissão. Ora, se já tem ali trabalhadores TAEs, porque não respaldá-los? A proposta que fiz foi justamente essa. Que o sindicato assuma então a luta junto com os trabalhadores e chame os colegas que estão nas comissões para uma discussão conjunta. Vamos trabalhar pelo bem dos trabalhadores. Vamos fazer grandes discussões, chamando gente que está por dentro da temática da saúde e do assédio moral, construindo políticas que garantam uma vida saudável e plena ao técnico-administrativo. Vamos nos unir pelo bem comum.

Mas, não. Temos de ouvir os argumentos mais pífios, de uma política mesquinha e redutora, que leva toda e qualquer fala para o campo das “eleições”, como se todos os trabalhadores fossem como eles, buscando o poderzinho das instituições. A coisa foi tão medonha que a direção sequer encaminhou qualquer proposta. Simplesmente definiram que os membros das comissões não representam a categoria – porque não escolhidos pelo Sintufsc - e ponto final. Nada de juntar forças, nada de construir políticas que pensem e avancem na questão da saúde, do assédio e do ponto eletrônico. Nada de fazer autocrítica pela forma como mutilaram e atrapalharam a última greve. Nada de nada. O sindicato dos trabalhadores da UFSC – de tantas histórias de luta  - hoje é um cadáver, incapaz de dar respostas  - mesmos as mínimas – para os problemas reais dos trabalhadores.

Ao final da assembleia, tudo o que se decidiu foram os representantes para a plenária em Brasília, coisa que nem estava na pauta. Sobre o adoecimento, a saúde, o assédio moral e ponto eletrônico: Nada.  Os trabalhadores que esperem pelas maravilhas que serão oferecidas pelo novo reitor e sua trupe – da qual faz parte a maioria dos dirigentes sindicais.


Um comentário:

mestrelin disse...

O nome dos representantes foi tirada em assembléia de greve dos TAEs e não na AGU... O que aconteveu ontem foi pura implosão promovida pela direção do sindicato.