Reunião do Cun dentro da Polícia Militar
Companheiros(as) TAEs da UFSC,
Em primeiro lugar, queremos
falar sobre esses anos em que tivemos a honra de representa-los(las) dentro do
Conselho Universitário da UFSC (CUn). Eleitos e empossados em meados de
abril/maio de 2013, chegávamos naquele espaço fechado com “os dois pés na
porta”. Não pedimos licença para apresentar nossas propostas e questionamentos,
e que à época foram tomadas como uma afronta pelos “doutores” da universidade.
Belas lembranças de um ciclo que chegou ao seu fim.
Dentro do Conselho, em
pouco tempo ganhamos o apelido de “bancada”
por parte dos Diretores de Centro e Pró-Reitores, para quem representávamos uma
verdadeira pedra no sapato. Éramos uma minoria, é verdade, mas fazíamos estragos
com nossas intervenções, batendo de frente com uma série de autoridades que nos
enxergavam inicialmente como simples “funcionários”.
Ao longo desses mais de dois
anos que se passaram, resistimos a muita coisa ruim. Presenciamos o afastamento
e adoecimento de muitos companheiros; o assédio praticado por chefias; o
desconto de salário para quem fez greve; a Reitoria tratar TAE como se fosse
vagabundo, o descaso; o cancelamento das eleições para os conselhos; a entrega
do Hospital Universitário para a EBSERH... e até reunião do Conselho
Universitário dentro da Polícia Militar.
Evidente, talvez diante
de tais barbaridades poderíamos nos perguntar: ter participado do CUn durante
esse tempo todo valeu a pena? Acreditamos que a resposta seja sim. E, também,
que chegou a hora de partir... Nosso trabalho no CUn sempre se
pautou por uma atuação propositiva. Mas, a partir do momento em que o HU foi
entregue em uma sessão do CUn dentro de um quartel da PM, sem a presença de
nenhum dos pareceristas da matéria, percebemos que nossa participação é
meramente formal e sem sentido. De que adianta tão somente participar de um
espaço em que nossas proposições são tratadas com descaso? Se, sempre indiferente
com as discussões acumuladas, a reitoria irá impor a sua vontade nem que seja
com o auxílio da polícia.
Aprendemos ao longo desse
tempo o quanto diálogo e autonomia tornaram-se palavras de ocasião,
e o quanto entidades como o DCE, o SINTUFSC e a APUFSC perderam sua
combatividade e legitimidade de outrora. Enquanto a universidade mal tem recursos
para pagar contas como água e luz, enquanto bolsas atrasam e estudantes são
excluídos; conselheiros universitários e “entidades
máximas representativas” seguem em fila, e batem continência a um governo
que lhes trata como prepostos, operadores do ajuste fiscal dentro da UFSC.
Termos vivido
intensamente esse processo foi-nos essencial para tomar essa decisão. Podemos
falar com conhecimento de causa: o Conselho Universitário não está à altura dos
desafios estabelecidos a essa universidade; não zela pela autonomia
universitária perante governos, militares e empresas; não fomenta o debate das
questões centrais; e tem medo de homens e mulheres livres de pensamento.
Há uma política séria do lado de fora
do quartel, uma Política que não precisa sair pela porta dos fundos ou se esconder na hora dos conflitos. É uma política
que entra e sai pela porta da frente, que debate abertamente, que constrói
junto, e que não tem medo de chamar cada coisa pelo seu nome. É com Ela que pretendemos despender nossas
energias agora, enfrentar o imobilismo que assola nossa própria categoria, enfrentar
os nossos assediadores, e retomar propostas ousadas como a que busca uma UFSC de Portas Abertas. É hora de partir
do CUn, para continuar atuando na luta real. A política da
baioneta não cabe a uma instituição que prima pela democracia. Não
legitimaremos um simulacro de gestão democrática e republicana.
Agradecemos
o apoio que sempre tivemos da categoria e partimos para outra jornada. A
reitoria deve chamar novas eleições para a representação dos TAEs, e a vida
seguirá. Estaremos na luta sempre!
UFSC, 10 de dezembro de 2015
Representantes dos TAEs no CUn (2013-2015) – TAEs Livres