segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A Respeito da Bolsa Estudantil!!


Através das reivindicações históricas do movimento estudantil conquistou-se em agosto deste ano a nova normatização da “Bolsa Permanência”, esta vitória permitiu que a execução da política do MEC através das diretrizes do PNAES (Plano Nacional de Assistência Estudantil) se desse em quase em sua plenitude de objetivos.

Citamos em especial o paragrafo único do artigo 4°:

“Parágrafo único.  As ações de assistência estudantil devem considerar a necessidade de viabilizar a igualdade de oportunidades, contribuir para a melhoria do desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras.” (grifos nossos)

Preocupa-nos o jeito que a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) vêm tratando do assunto, já que em vez de implementar a nova resolução da Bolsa Estudantil de modo a se assegurar que não ocorram situações de evasão, o que a PRAE vêm fazendo irá causar o expurgo de estudantes pobres que já contam com os recursos da bolsa para sobreviver, além de acarretar no desperdicio de recursos públicos que foram investidos nestes estudantes por anos para que sua formação fosse assegurada.

Para além de somente realizar a critica ao modo autoritário e improdutivo como a reitoria vêm tratando o assunto, nós estamos apresentando algumas propostas concretas (não excludentes) que podem resolver o assunto sem que seja necessário tensionamentos desnecessários.

1.       Alterar a Resolução Normativa 32/CUn, retificando a seguinte redação:
“Revogar o “Programa Bolsa Permanência” instituído na UFSC por meio da Resolução Normativa nº 015/CUn/07, de 18 de outubro de 2007, criando nova regulação denominada “Programa Bolsa Estudantil-UFSC”, em conformidade com a Portaria nº 389 do MEC, de 10 de maio de 2013, e com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, a qual passará a reger as novas disposições constantes desta Resolução Normativa.”

Nova Proposta: “Transformar o “Programa Bolsa Permanência” instituído na UFSC por meio da Resolução Normativa nº 015/CUn/07, de 18 de outubro de 2007, em “Programa Bolsa Estudantil-UFSC” criando nova regulação denominada, em conformidade com a Portaria nº 389 do MEC, de 10 de maio de 2013, e com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010, a qual passará a reger as novas disposições constantes desta Resolução Normativa.”

2.       Adicionar paragrafo único a redação do artigo 1°, com a seguinte redação:
“Paragrafo único: Os estudantes que já são receptores da “Bolsa Permanência UFSC” serão automaticamente transferidos para o “Programa Bolsa Estudantil”, sendo assegurada a estes o recebimento da bolsa, conforme os critérios estabelecidos nesta resolução.

3. Retificação do edital da Bolsa Estudantil : “Todo estudante receptor da modalidade “Bolsa Permanência” será diretamente transferido a modalidade “Bolsa Estudantil”, uma vez que a Resolução 32/CUn/13 é substitutiva da Resolução 15/CUn/07.”- Caso ainda for possível.

4.       Garantia do pagamento do valor da bolsa a todos os estudantes até a sua integralização curricular.

Estas propostas visam dar uma vazão positiva aos tensionamentos que estão ocorrendo em torno desta pauta, entendemos que direito adquirido não pode ser retirado e que o desperdicio de dinheiro público não pode ser aceito.

Esperamos que seja entendido que não faz sentido algum investir dinheiro durante anos em uma pessoa para abandoná-la no meio do caminho, assim como analogamente construir uma ponte até a metade (e desistir) também não faz o menor nexo.

Os 271 estudantes em “estado de transitoriedade”, são o exemplo vivo de pontes prestes a serem abandonadas, os quais ficaram, muitos, sem condição de permanência e, portanto, em vias de abandonar a universidade, causando o chamado desperdício de dinheiro publico, em razão de uma administração equivocada de verbas.

Chamamos para o fato de que se existirem propostas melhores de redação, ou de resposta via vazão administrativa (que consideramos o melhor tipo de proposta) a acolheremos com exaltação, no entanto, reiteramos que sabemos dos direitos conquistados pelos movimento sociais, assim como conhecemos a Constituição Federal e por este motivo não toleraremos tentativas de subverter a pauta se utilizando de táticas difusas, sejam elas jurídicas ou executivas.

Caso, a administração central não se mostrar solidária, apoiaremos  e entenderemos as atitudes dos 271 estudantes (e todos aqueles que se solidarizarem), sejam as atitudes de cunho jurídico ou político.

sábado, 28 de setembro de 2013

Debate Sobre Fundações- Vídeos Primeira Parte

Em maio do ano Vigente, aconteceu um grande debate no Conselho Universitário da UFSC em torno do Tema: Fundações.

A sua normatização e consequente "legalização" das práticas foram colocadas em evidência. Diversos Conselheiros fizeram intervenções no sentido de se realmente ter um controle real das tramitações de projetos e fundos via fundação.

Saiba mais em: http://taesufsc.blogspot.com.br/2013_05_01_archive.html
E acesse nossa página no facebook: www.facebook.com/Superar.e.Construir

Vídeos Selecionados, Primeira Parte:

Conselheira Helena

Conselheiro Gabriel

Conselheiro Hélio

Conselheiro Daniel

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Melhores Momentos- CUn- Programa de Ações Afirmativas Parte 1

No dia 13/09 aconteceu a primeira sessão do Conselho Universitário que debateu o Programa de ações afirmativas (PAA), a respeito desta sessão que foi a primeira parte do bloco de debate sobre o PAA, publicamos um relato (http://taesufsc.blogspot.com.br/2013/09/acoes-afirmativas-ufsc-na-vanguarda.html), mas para dinamizar e incentivar uma democracia participativa estamos disponibilizando os vídeos dos "melhores momento" das sessões que geraram polêmica (ou pelo menos deveriam).

Representante dos Movimentos Sociais

Representantes dos TAEs- Gabriel Martins

Representação dos Docentes- "Locatelli"

sábado, 21 de setembro de 2013

Avançar na Construção de uma Universidade Democrática: Permanência Estudantil!

No dia 20/08/2013 houve um grande enfrentamento dos movimentos progressistas com o conservadorismo da UFSC. A questão girava em torno da permanência dos estudantes d(n)a Universidade Federal de Santa Catarina.

Os técnicos-administrativos em Educação (TAEs) se posicionaram em favor de uma Universidade pública, Gratuita e de qualidade, que esteja disponível para ser acessada por todos os que necessitem de seus serviços, independentemente de origem socioeconômica.

Também temos os vídeos na nossa página no Facebook e mais sobre o assunto aqui.

Gabriel Martins

Luciano Agnes

Ricardo Valdameri

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Convocação do Conselho de Curadores

Ofício-Circular n.º 10/2013/CC.                     Florianópolis, 16 de setembro de 2013.

Aos Senhores (as) Conselheiros (as),
Assunto: Convocação

De ordem do Senhor Presidente, convocamos V. Sª. para a Sessão Extraordinária do Conselho de Curadores, a realizar-se no dia 19 de setembro de 2013, quinta-feira, às 15h, na “Sala Prof. Ayrton Roberto de Oliveira”, com a seguinte Ordem do Dia:

1. Apreciação e aprovação da ata da sessão extraordinária, realizada em 28 de agosto de 2013.

2. Processo n.º 23080.051657/2011-59
Requerente: Antonio Edesio Jungles
Assunto: Homologação do Termo de Contrato a ser firmado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU), tendo por objetivo a continuidade da execução do Projeto de Extensão Universitária intitulado “Curso de Capacitação Básica Continuada, Orientações de Prevenção, Resposta e Reconstrução”, financiado pelo Ministério de Integração Nacional.
Relatora: Terezinha Ceccato de Oliveira Gama.

3. Processo n.º 23080.025456/2010-15
Requerente: PROAD
Assunto: Apreciação do Segundo Termo Aditivo ao Contrato n° 202/2010, firmado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU), tendo por objetivo acréscimo de valor ao Contrato n° 202/2010, que trata da execução do Projeto de Extensão intitulado: “Fortalecendo as ações de agricultura urbana e pericultura da região norte/nordeste de Santa Catarina: continuidade do Centro de Apoio Terra Viva à agricultura urbana e periurbana da região metropolitana de Joinville”.
Relator: Altair Borgert.

4. Processo n.º 23080.018556/2013-38
Requerente: PROAD
Assunto: Apreciação do Termo de Contrato entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Fundação de Ensino e Engenharia (FEESC), tendo por objetivo cooperação técnica e administrativa para o gerenciamento dos recursos financeiros na execução do Projeto intitulado “Implantação de uma turma especial do Curso de Pós-Graduação “Stricto Sensu” em nível de Mestrado Profissional em Engenharia Ambiental”, firmado entre UFSC e a Associação Internacional de Competências Empresariais- AICE
Relator: Guilherme Martins Santana.

5. Processo n.º 23080.040651/2013-18
Requerente: Nelson Jhoe Batistela
Assunto: Homologação do Termo de Contrato a ser firmado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Tractebel Energia S.A, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina e a Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), tendo por objetivo a execução do Projeto de Pesquisa intitulado “Avaliação em campo de rendimento de motores de indução trifásicos”.
Relator: Carla Cerdote.

6. Processo n.º 23080.006649/2013-10
Requerente: Edson Pacheco Paladini
Assunto: Apreciação do Termo de Convênio a ser celebrado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e a Associação Internacional de Competências Empresariais (AICE), com o apoio da Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), tendo por objetivo a execução do Projeto intitulado “Implantação de uma Turma Especial do Curso de Pós-Graduação ‘Latu Sensu’, em nível de Especialização em Engenharia da Qualidade: Métodos e Modelos Quantitativos da Produção e Avaliação da Qualidade”.
Relator: Ricardo Tramonte.

7. Processo n.º 23080.048537/2013-36
Requerente: PROAD
Assunto: Homologação do Termo de Convênio celebrado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a 4ª Vara Federal de Criciúma/SC e a Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC), tendo por objetivo a execução do Projeto de Pesquisa intitulado “Biocarvão e Bactérias Redutoras de Sulfato na Mitigação dos Efeitos da Drenagem Ácida de Mina na Região Carbonífera de Criciúma”.
Relator: Carla Cerdote.

8. Processo n.º 23080.044024/2013-56
Requerente: PROAD
Assunto: Apreciação do Termo de Convênio a ser celebrado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), a IMC Engenharia de Soldagem, Instrumentação e Automação Ltda. e a Fundação de Estudos e Pesquisas Sócio Econômicos (FEPESE), tendo por objetivo a execução do Projeto de Pesquisa intitulado “Sistema Avançado de Soldagem para o Setor de Petróleo e Gás com Ênfase em Estruturas de Alumínio”.
Relator: Terezinha Ceccato de Oliveira Gama

9. Processo n.º 23080.041151/2012-12
Requerente: PROAD
Assunto: Apreciação do Primeiro Termo Aditivo ao Convênio celebrado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Fundação de Ensino e Engenharia de Santa Catarina (FEESC) e a Volvo do Brasil Veículos Ltda., tendo por objetivo a execução do Projeto de Pesquisa intitulado “Desenvolvimento de Tecnologias de Tubos de Calor e Afins para Aplicação em Radiadores de Caminhões”.
Relator: Ricardo Tramonte

10. Processo n° 23080.049050/2013-71
Requerente: PROAD
Assunto: Apreciação do Termo de Convênio a ser celebrado entre a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Fundação de Amparo à Pesquisa e Extensão Universitária (FAPEU) e a Embraer S.A, tendo por objetivo a execução do Projeto de Pesquisa intitulado “Estudo de Soluções para a Atenuação de Ruído em Dutos de Aeronaves – Projeto Sonic”.
Relator: Altair Borgert.

11. Informes Gerais

domingo, 15 de setembro de 2013

Ações Afirmativas: UFSC na Vanguarda!!



       Sexta-feira (13/09) aconteceu mais uma sessão do Conselho Universitário (CUn), onde desta vez a grande discussão girou em torno do pedido de vistas do processo das ações afirmativas feito pelos conselheiros estudantis no CUn anterior realizado na terça-feira (10/09).

Como de praxe, os movimentos sociais interessados na proposta mobilizaram-se para ter vez e voz dentro do conselho, o que desta vez foi garantido por unanimidade. Uma vez que parte dos grupos diretamente afetados pelas Ações Afirmativas estavam presentes dentro do CUn se garantiu (á semelhança do caso da Bolsa permanência) um maior convencimento de que as pautas postas pelo movimento eram justas e corretas.

O movimento social através de suas intervenções no conselho colocou já de inicio em xeque a noção de que o controle social das vagas disponibilizadas pelas cotas deveriam ser feitas pela forma vexatória de bancas de avaliação, uma vez que discriminação que foi historicamente construida, não precisa ser reafirmada através de uma forma humilhante de comprovação pelo candidato de sua origens.

A partir do momento que ficou claro que a banca avaliadora não poderia ser permitida, restava então conseguir uma forma efetiva de garantir que haja um controle social do Programa de Ações Afirmativas (PAA). Sendo assim nossos representantes, reafirmaram que somente a autodeclaração seria suficiente para a entrada dentro da Universidade através das Cotas, mas que deveria haver uma mudança substancial no que estava sendo proposto.

Não se devia tratar pois de uma resolução que “Dispõe sobre as Ações Afirmativas no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina para o concurso vestibular de 2014” como havia sido proposto originariamente, mas sim de uma resolução que “Dispõe sobre as Ações Afirmativas no âmbito da Universidade Federal de Santa Catarina e seus dispositivos de ingresso, acompanhamento, controle social e permanência”, ou seja, cabe a Universidade não se eximir de suas responsabilidades e portanto garantir a permanência de todos aqueles que adentram a UFSC através do PAA.

Sendo assim, buscamos garantir um controle social em seu sentido positivo onde a sociedade possui controle sobre particularidades ou totalidade de determinados processos” e não mais um pseudo-controle democrático em que determinados processos externos à sociedade exercem controle sobre particularidades ou a totalidade dessa sociedade”

Com somente 5 votos contrários aprovamos uma proposta que contemplou a necessidade de romper com a discriminação feita através da criação de bancas avaliadoras (controle social externo) e talvez o mais importante, se garantiu que um controle social nos moldes elaborados epropostos pelo GT Reorganiza UFSC fosse garantido na formulação escrita da política aprovada para o PAA e portanto, ao menos no papel a UFSC está na Vanguarda das Ações Afirmativas.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Os TAES são chorões?


por elaine tavares

Toda reunião do Conselho Universitário tem sido uma batalha. Ao que parece, os TAEs (Técnico-Administrativos em Educação) são como os índios. Quando estão de boca fechada, as pessoas até acham bem bonitinhos. Mas, bastou se levantar, em rebelião, ou apenas reivindicar direitos, e já a coisa muda de figura. Nessa terça-feira (dia 10/09), no ponto que tratou da discussão da proposta que a Administração da UFSC apresentou para o CUn de "apreciação do cronograma e formação da comissão responsável pela organização da consulta à comunidade universitária sobre o regime de trabalho de 30 horas para os servidores técnico-administrativos em educação", percebeu-se de forma bem clara a visão  que os colegas professores tem do trabalho dos TAEs: totalmente irrelevante. Verificaram-se as posições que já haviam aparecido em outras sessões. 

É bom lembrar que o ponto em questão não tinha sido reivindicado pelos TAEs. Já havia acontecido uma reunião com o  Chefe de Gabinete, quando foi entregue um abaixo assinado com mil assinaturas solicitando um retorno da gestão sobre o Relatório do GT Reorganiza UFSC. Naquele momento, o representante da administração informou que a reitoria iria se manifestar até o dia 16/08, apresentando uma proposta de discussão pública do relatório. Mas, isso não aconteceu e, dias depois, esse tema apareceu como pauta no CUn, apresentado pela administração da UFSC.

Surpreendidos com essa ação os TAEs, representantes no CUn, encaminharam à administração outra proposta de debates nos Centros, entendendo que não caberia ao CUn a discussão de formação da comissão de organização dos debates, muito menos elaborar agendas. O que cabe ao CUn é a apreciação e proposição de políticas referentes ao tema, que deveriam ser discutidas em momento oportuno e definidas conjuntamente com as partes interessadas. Mas, a administração preferiu fazer ouvidos moucos e encaminhou ao CUn, gerando animosidade com relação à demanda.  Tanto que nas argumentações que acabaram vencedoras a questão colocada era: há coisas mais importantes para tratar na UFSC do que os problemas relacionados aos TAEs, tais como desvio de função, assédio moral e atendimento aos usuários. O conselheiro Cancellier , do CCJ, chegou ao ponto de dizer que essa era uma questão meramente sindical e que deveria ser tratada no fórum sindical. Desqualificou assim os seis conselheiros eleitos pela categoria dos TAEs para defender, dentro do Conselho, os interesses dos trabalhadores.

Já os conselheiros representantes do TAEs argumentaram que, já que o tema tinha sido proposta pela reitoria, seria importante o Conselho apontar à administração a necessidade da discussão exaustiva e o debate transparente em todos os espaços da UFSC, incluindo também os Centros, já que isso não estava acontecendo. Entendiam que não se tratava de discutir o cronograma de reuniões  - isso sim uma questão meramente prosaica. Mas, o que estava em questão era a compreensão do CUn sobre a importância de se fazer esse debate da maneira mais democrática possível, levando a informação para todos os trabalhadores - TAEs ou docentes - afinal, todos estão envolvidos no tema. Lembraram ainda que o relatório do Reorganiza - um documento de quase 500 páginas  - não trata apenas das 30 horas. Ele traz informações importantes sobre toda uma sorte de problemas que os TAEs vivenciam no seu cotidiano e que repercutem na vida de todos os que aqui trabalham e estudam.

Mas, apesar de toda a argumentação, os demais conselheiros não entenderam ou não quiseram entender a proposição de discussão que os TAEs apresentavam. Segundo algumas falas, tudo isso é meramente administrativo. A posição dos conselheiros, desgraçadamente, reforça o velho preconceito que existe dentro da universidade sobre o trabalho dos TAEs. Podem-se levar cinco ou seis sessões falando de problemas “administrativos” de professores, mas os dos TAEs são apenas perda de tempo.

Chorões?

Isso ficou ainda mais claro na mesma reunião do Conselho, quando outro tema - igualmente chamado de "administrativo" - foi discutido. Tratava-se do requerimento dos trabalhadores eleitos para CIS (Comissão de Carreira) para que o CUn desse parecer sobre condições estruturais os trabalhadores exercerem suas funções, visto que os pedidos protocolados junto à administração se arrastam, sem que tenham resposta.  Uma sala para a CIS, um assistente, materiais de consumo, coisas necessárias para o andamento do trabalho. O relator do processo argumentou que tudo isso poderia ter sido resolvido no âmbito administrativo, e não precisava vir ao CUn,  mas recomendou que a CIS fosse logo incluída no organograma da UFSC, que fosse alocado o espaço físico e que a CIS apresente em 30 dias o seu regimento e plano de trabalho. A pró-reitora,  Roselane Campos informou que já havia a resposta da Proplan sobre o tema, propondo que os membros da CIS trabalhem junto com a Segesp, sem um espaço específico.

O conselheiro Helio, lembrou que a proposta da reitoria de colocar a CIS dentro da Segesp é completamente esdrúxula, uma vez que a comissão tem como função, inclusive, fiscalizar a UFSC na aplicação do Plano de Cargos, logo, não tem como ficar junto, uma vez que pode haver tentativa de interferência.  O conselheiro Gabriel sugeriu que pode não ser possível apresentar um plano de trabalho uma vez que a comissão ainda não conseguiu se reunir.

Foi aí que a vice-diretora do CFH, Sônia Maluf, resolveu falar sobre a avaliação dos professores. Disse que entre seus pares, a avaliação é feita no departamento e que a CPPD  só auxilia na contagem dos pontos, logo não dava para comparar. Também informou que os técnicos são avaliados pelas suas chefias, não cabendo isso à CIS. E ainda disse que os trabalhadores estavam equivocados em chamar a CIS de um direito, já que para os professores a CPPD não o era. Não sabe, obviamente, a professora - mesmo os TAEs tendo explicado - que a CIS não é uma comissão para avaliar os trabalhadores e sim para acompanhar a UFSC e fiscalizar se está cumprindo com a lei que criou o novo Plano de Cargos dos trabalhadores.

Mas a pior do dia foi a fala da pró-reitora de Pós-Graduação, Joana Pedro, que pediu aos TAEs para não fazer do CUn um muro de lamentações, como se a aos trabalhadores não coubesse reivindicar nada no conselhos. Ficar com a boca fechada, talvez seja essa mensagem. Os TAEs rebateram dizendo que só estavam trazendo aqueles temas ao Conselho, justamente porque a administração não estava dando respostas.   De qualquer forma, a frase de Joana é bastante emblemática. O que fica de espanto é que são os colegas professores que se dizem do campo da esquerda que tem tido as posições mais belicosas contra os TAEs dentro do Conselho.

Para a bancada dos TAEs, a atuação no Conselho não é uma guerra. Ninguém ali está disposto a travar batalhas intraclasse. Respeitam os professores como colegas, mas não se furtarão ao debate constante sobre a Universidade e seus reflexos na sociedade, bem como não se calarão quando forem achincalhados ou desqualificados tal qual aconteceu na manhã do dia 10. Os TAEs não estão ali chorando, ou lamentando. Estão reivindicando seus direitos e ajudando a fazer uma universidade melhor.  E assim, continuarão! 

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Direitos e deveres, eis a questão


Por Rosana Maria Prazeres

Constatamos, recentemente, situações na UFSC que levam-nos a refletir sobre a visão corporativista institucionalista de gestores que vem colocando em xeque o direito de expressão dos Tae,s. Outro dia ouvi a seguinte frase de um gestor: [...] "os TAE,s só querem direitos e não querem deveres"[...].

Ora, em que contexto essa frase está sendo colocada? É preciso considerar, que há uma questão de classe social nesse contexto e de desigualdade nos direitos entre TAE,s e docentes, entre chefias e "subordinados".

Deveres não significa estarmos sub julgados às chefias autoritárias e arbitrárias. Vemos na UFSC situações onde TAE,s são deslocados de locais de trabalho, sem considerar seu direito humano de escolha. É muito grave o discurso de que os TAE,s só reivindicam direitos e "não cumprem" seus deveres.  Essa fala é recorrente no interior da UFSC, principalmente por pessoas que colocam os deveres em uma escala hierárquica carregada do poder institucional.

Direitos e deveres devem ser considerados em sua dimensão humana. É inadmissível gestores utilizarem-se de suas posições de poder para impor deveres aos TAE's de forma arbitrária, reforçando a divisão de classes no interior da UFSC.

Esse debate é necessário, pois a autonomia não quer dizer o não cumprimento de deveres, e sim o direito humano de opção pelo trabalho que quer e tem condições de exercer, com qualidade e autonomia na direção de contribuir para a sociedade.


Infelizmente, o que constata-se é uma inversão, ou seja, os TAE,s vem sendo colocados para desempenharem tarefas de apoio, somente. Apoio no sentido do não reconhecimento de suas potencialidades e capacidades intelectuais. É preciso valorizar essa categoria que, também pensa, estuda, desenvolve pesquisas e contribui para a sociedade sim. Todo(a) devemos ter o direito de escolha em poder expressar-se politicamente.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Vídeos do Ato em defesa da Jornada de 30 horas (com no mínimo 12 horas de atendimento ininterrupto)

No dia 06/09/2013 aconteceu na Universidade Federal de Santa Catarina um "evento para chefias" que deveria abranger as cargas horárias dos servidores docentes e do técnicos-administrativos em educação (TAEs), no entanto o que aconteceu foi a exposição do ponto de vista da administração central a respeito somente da carga horária dos TAEs (que não haviam sido convidados para a reunião).

Devido a forte mobilização dos TAEs concomitante a elaboração de documentos que demonstravam a fragilidade da argumentação contrária ao pleito de flexibilização da jornada obteve-se um saldo positivo, uma vez que conseguiu-se intervir em um espaço que era destinado as chefias docentes.

Abaixo seguem os primeiros vídeos publicados:

 
Fala Inicial da Reitora

Intervenção feita pelo TAE Gabriel Martins


Intervenção feita pelo TAE Daniel Dambrowski

A fala da administração sobre as 30 horas

Discurso final da vice-reitora da UFSC e também da reitora sobre a questão das 30 horas para os trabalhadores.


30 horas na UFSC. O que aconteceu na sexta-feira






Por Elaine Tavares

A reitora da UFSC, Roselane Neckel, convocou diretores de Centro, Chefes de Departamento e Coordenadores de Curso para discutir o que chamou de “horário dos servidores docentes e técnicos”. Mas, de professores nada se falou. Na verdade, a reitora quis mostrar aos demais colegas professores que dirigem a universidade os empecilho legais para a jornada de 30 horas reivindicada pelos TAEs (técnicos administrativos em educação). Na sua explanação de abertura, Roselane sugeriu que todos lessem com cuidado o relatório construído pelo grupo Reorganiza – compostos por TAEs e membros da administração. Esse documento formulou um diagnóstico da localização dos trabalhadores na UFSC e apresenta uma série de propostas de reorganização do trabalho para que todos possam fazer as 30 horas. Mas, a reitora mesmo confessou que não confia muito na possibilidade de que isso venha a acontecer.

Os motivos para isso vieram na segunda parte do discurso. Segundo ela, as interpretações que chegam da Procuradoria da República e da Controladoria Geral da União, são de que as 30 horas só podem ser garantidas a determinados trabalhadores em determinados setores, bem específicos. Dissertou sobre a UNB e a UFPR, que decidiram pelas 30 horas para todos os trabalhadores e agora estão respondendo na justiça. Também in formou que na UFPR muitas são as reclamações sobre falta de trabalhadores nos setores. Disse ainda que na Andifes, entidade que reúne os reitores de todo o país, não há consenso sobre o que diz a lei. Para a maioria dos reitores o entendimento é de que primeiro há que se mudar a lei, para depois pensar em dar as 30 horas para todos os trabalhadores. “O fato é que hoje a lei não permite as 30 horas estendidas a todos. Nós somos os gestores e temos de responder judicialmente pelas nossas decisões”. 

Depois de explanar sobre todos os entraves que alguns setores do governo e da justiça colocam na lei das 30 horas, a reitora explicou que a reunião era para que os demais colegas, que atuam diretamente na organização da UFSC, também opinassem. “Nenhuma decisão depende da reitora. Temos de dialogar e nos amparar na lei, porque a responsabilidade jurídica é nossa”.

A reunião que foi chamada para discutir a vida dos trabalhadores não tinha convocado nenhum técnico-administrativo em educação. Mas, ainda assim, muitos foram os TAEs que compareceram convocados pelo Sintufsc e por outros grupos atuantes na UFSC. Todos queriam ouvir a reitora e tirar as dúvidas sobre a sua posição acerca das 30 horas. Ela já havia se pronunciado na recepção aos novos trabalhadores e havia dito que não podia tomar decisão em cima de “achismos”. Isso preocupou os trabalhadores uma vez que o relatório do Reorganiza é um trabalho baseado em uma metodologia que foi, inclusive, construída junto com a administração. Logo, não podia ser chamada de “achismo”. Foram quase 500 páginas de levantamentos que concluíram estar a UFSC preparada para as 30 horas. 

Assim, foi bastante decepcionante para os trabalhadores a posição da reitora, não só no fato de não ter chamado os TAEs para dialogar, mas pela visão legalista e francamente contra a ideia das 30 horas para todos. Quando as inscrições abriram para a opinião dos professores que ali estavam, também se abriu o espaço para mais “espantamentos”. Praticamente todos os que falaram se colocaram contra a ideia das 30 horas, alguns se embasando no discurso da legalidade e outros sem base alguma. Um professor chegou a dizer que o controle social do ponto reivindicado pelos trabalhadores era algo muito perigoso. “Qualquer pessoa vai poder chegar e denunciar alguém que não esteja trabalhando”. Outro sugeriu que se a universidade estava funcionando bem com os acordos que garantem meio período para alguns, as coisas deveriam seguir como estão. Não haveria necessidade de isonomia de horário. Outro, disse que os trabalhadores deveriam tratar de mudar a lei, já que essa que havia não permitia as 30 horas. Solidariedade de classe? Nem pensar! A impressão que davam era de que eles mesmos não eram trabalhadores, tal qual os TAEs. 

Os TAEs que estavam no local decidiram que era hora de falar e também se inscreveram tentando argumentar que a luta pelas trinta horas é uma batalha histórica dos trabalhadores, assim como um dia a jornada de oito horas exigiu tantas lutas e mortes. A lei é clara. Qualquer setor que atender 12 horas ininterruptas pode fazer turnos de seis horas. É fato que há muitas interpretações diferentes, mas é hora de algumas administrações assumirem o risco dessa vitória histórica dos trabalhadores, como estão fazendo a UNB e a UFPR. É óbvio que haverá disputas e ameaças, mas é preciso haver segurança de se estar avançando numa reivindicação que é mundial. Trabalhadores que atuaram no grupo Reorganiza apontaram que o relatório está aí para ser discutido de forma aberta e franca, e que deve ser levado em conta também o fato de que as 12 horas ininterruptas vão beneficiar a população, aos estudantes, a todos aqueles que precisam dos serviços da UFSC e que são com a cara na porta tanto no horário do meio dia como depois das seis. Defenderam debates em todos os centros para que toda a gente participe da discussão e entenda que as 30 horas não é só um benefício aos trabalhadores, mas a toda a sociedade.

Também foi lembrado de que com o avanço da tecnologia os processos de trabalho mudaram muito e não são mais necessárias oito horas de trabalho para o cumprimento de todas as tarefas. Logo, a redução de jornada é uma exigência do nosso tempo. Não é nenhuma revolução, apenas a adequação aos novos processos de trabalho. Não levar isso em conta é permanecer no conservadorismo cego. 

É certo que a UFSC é uma instituição que sempre se pautou pelo pensamento conservador. E na relação professor X TAEs, ainda há a ideia de que o técnico é um elemento de segunda categoria dentro da universidade. Já está mais do que na hora de superar esse atraso. Hoje, e cada dia mais, os TAEs estão se qualificando e mesmo aqueles que não possuem uma carreira acadêmica formal devem ser respeitados nos seus saberes, uma vez que igualmente são responsáveis pela vida da universidade. É tempo, então, de avançar nesse ponto e fazer valer a solidariedade de classe. Afinal, todos são trabalhadores, TAEs e professores. 

Ao final da reunião, a reitora insistiu no fato de que há uma questão de legalidade e afirmou que para a decisão de instituir as 30 horas não se trata de ter ou não coragem de fazê-lo. Precisa estar amparado na lei. Os trabalhadores que acompanharam tudo até o final saíram decepcionados. Esperavam ver a reitora assumindo as conclusões do grupo Reorganiza, que bem mais do que apontar as 30 horas, sugere toda outra organização do trabalho na instituição, mais adequada aos novos tempos. Mas, ao que parece, nada mudou. 

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A língua portuguesa e os concursos

Por elaine tavares

A reunião do Conselho Universitário do dia três de setembro acabou discutindo um único ponto: o da resolução dos concursos para professores. Dois pontos provocaram intensos debates e deixaram a nu as concepções de universidade que se confrontam no dia-a-dia da instituição. O primeiro deles debateu como seria a prova escrita. Havia a proposta da comissão que era a de que a banca do concurso, baseada nos itens públicos divulgados com antecedência para os candidatos, formulasse duas questões abertas para que o candidato pudesse responder livremente, inclusive utilizando conceitos de diferentes itens. Para contrapor, apareceu outra proposta, vinda da vice-diretora do CFH, que era a de manter a prova sem questões, apenas com o sorteio do item. Segundo ela, assim seria possível evitar uma especialização das perguntas, ficando mais difícil qualquer tipo de favorecimento. Foram muitas as defesa a favor e contra cada uma das proposições, com alguns conselheiros colocando das especificidades de cada curso, argumentando que em alguns casos sortear o item seria melhor, e, em outros, o melhor seria a formulação de questões. Ao final, a proposta do professor Nilton, da Física, contemplou as duas visões.  As duas possibilidades serão válidas, ficando a decisão para o colegiado do curso.

O outro ponto foi mais polêmico. O debate era sobre se a prova escrita teria ou não critérios específicos no que diz respeito ao respeito à língua portuguesa. A comissão que apresentava a resolução defendia que a banca de cada concurso tivesse critérios bem específicos para evitar ações na justiça relacionadas a avaliações subjetivas. Outras falas, de diversos conselheiros, defendiam que os critérios deveriam ser genéricos quanto à clareza, raciocínio lógico, capacidade de articulação etc...  Também apareceram defesas de que não houvesse rigor na correção da língua portuguesa. O professor Carlos Eduardo, do HU, chegou a dizer que muitos médicos tinham dificuldades com a escrita e isso poderia impedir que bons profissionais ficassem em desvantagem na prova por conta da língua. Também houve a defesa de que os professores estrangeiros igualmente seriam prejudicados num eventual critério de precisão da língua, o que impediria a entrada deles na universidade. A discussão avançou a ponto do surrealismo.

O conselheiro Hélio, dos TAEs, fez uma fala indignada cobrando da administração que fosse apresentado um mínimo de dados sistematizados sobre os problemas das bancas. Argumentou que estava sendo impossível se posicionar diante de tantos “achismos”, sem qualquer base real. A pró-reitora Roselane Campos, respondeu dizendo que era fato não haver dados ainda sistematizados, mas que havia sim um histórico de conhecimento sobre a questão, o que capacitava todos os conselheiros a tomar decisões. A professora Sônia, que representa a comissão que reajusta a proposição, igualmente redarguiu dizendo que não existe achismo e que a comissão tem até dado cursos de capacitação nos diversos campi. “As dúvidas estão todas sistematizadas”.

E o debate sobre a língua prosseguiu. A vice-diretora do CFH, também defendendo uma flexibilização no uso correto da língua formal, disse que era hora da universidade sair da escolaridade de segundo grau e que os critérios deveriam ser mais genéricos. Foi acompanhada pela reitora que também defendeu critérios gerais, os mesmos definidos para a prova didática. Outro momento de debate. Vários conselheiros entendiam que os critérios para a prova didática não poderiam ser os mesmos da prova escrita, visto que era outro o caráter e outros os elementos a serem avaliados. Passou-se a votação sobre se a prova teria critérios ou não. A maioria decidiu que sim. O problema seguia em relação às quais critérios deveriam valer.

Volta o debate sobre a língua. E, de novo, aparece o argumento baseado no professor estrangeiro. O representante do CDS lembrou que o professor terá de ensinar, pesquisar e fazer extensão. Logo, deverá ter domínio da língua. E questionou: Como fará tudo isso se não souber escrever? O professor Cancellier  ironizou dizendo que até votaria a favor de não levar em conta a língua se todos ali não se importassem que a resolução dos concursos – um documento oficial -  também saísse com erros de português. Eu resolvi entrar no debate e lembrei aos colegas conselheiros que esse debate sobre o uso da língua certamente não seria feito em nenhuma universidade estadunidense ou europeia, ou mexicana. Qualquer universidade de qualquer país iria exigir de seus candidatos a professor o uso correto da língua oficial. Não teria qualquer cabimento flexibilizar o uso correto da língua com o argumento de alguns bons profissionais não seriam contratados por simplesmente não saberem escrever em português. Primeiro, porque isso não seria verdadeiro. O uso correto da língua seria apenas um dos critérios, não o único. Logo, se eles estavam preocupados com os estrangeiros que querem dar aulas na UFSC, não seriam os erros no português que os eliminariam. Para mim, a discussão era totalmente bizarra. Se estamos no Brasil, a língua é o português. E não se trata de defender a língua do “opressor” como chegou a dizer um conselheiro estudante. É a língua do país. Dizer que exigir conhecimento da língua portuguesa é fortalecer o opressor soa quase ridículo no contexto em questão.

O diretor do CFH afirmou que exigir correção no português empobreceria a UFSC. E a  polêmica rolou até que se chegou a votação de três propostas diferentes: a primeira exigiria apenas que a forma de expressão fosse clara, sem menção a correção gramatical, a segunda exigia só correção linguística e a terceira exigia a correção gramatical. Na explicação de um dos professores conselheiros, a correção linguística já envolve a gramática, embora defina que as formas regionais de se expressar sejam válidas. Resta saber se no caso da UFSC também serão válidas as formas linguísticas de outros países. Em votação, a primeira proposta ficou com 9 votos, a segunda com 19 e a terceira com 8. A bancada dos TAEs votou dividida, metade ficou com a proposta 2 e a metade com a proposta 3. 

É bom que se diga que tenho muito claro o debate sobre as formas de falar e se expressar nas diversas regiões do país. No nosso caso é comum, ao falarmos, usarmos expressões como: “Ouvisse? Entendesse? Vixe! Oncotô? Mofax! “ e tantas outras. Do ponto de vista da língua, essas são expressões certas e válidas, porque usadas pelas gentes em todos os cantos do país. Mas, ali, estávamos discutindo regras para um concurso de professor universitário, onde o uso correto da língua formal, na forma escrita, deveria ser respeitado. Com isso, não se está refutando as variadas formas de expressão, muito menos impedindo que professores estrangeiros possam dar aulas na UFSC. Mas, se para uma tese de doutorado, dissertação ou monografia, o que vale são as regras da língua formal, não seria justo que assim fosse para os concursos?

Enfim... Esse é um bom debate!

domingo, 1 de setembro de 2013

Uma bolsa estudantil



Por elaine tavares

A votação da nova resolução que trata das bolsas para estudantes foi outro momento importante no Conselho Universitário da UFSC. De novo, mesmo com nova direção, a instituição mostrou que tem medo de qualquer rugosidade que se apresente na aparente “paz” vigente no campus. Como a proposta da administração apresentava avanços, mas também recuos, os estudantes entenderam que diante de um tema que lhes dizia respeito era preciso uma participação maior do que a representação minoritária que hoje têm no Conselho. Assim, exigiram uma sessão aberta. Como sempre acontece nesses casos, o tema foi polêmico, mas, pressionados pelo número expressivo de estudantes, os conselheiros aceitaram transferir a sessão para o auditório da reitoria e discutir de forma mais democrática as questões que envolviam uma mudança radical na vida dos estudantes bolsistas.

Para quem tem memória curta é bom avivar. Até o ano de 2005 as bolsas para os estudantes de graduação eram chamadas de bolsa de treinamento. Assim, os estudantes empobrecidos que precisavam da bolsa para poder se manter na universidade, eram obrigados a prestar serviços em algum lugar da instituição. No mais das vezes, eram a mão de obra necessária numa universidade carente de técnicos-administrativos em educação.  Faziam às vezes de trabalhadores. Essa situação era veementemente rejeitada pelas entidades estudantis e pelo sindicato dos trabalhadores. Muitas lutas foram então travadas, em parceria, para que isso mudasse. E foi justamente essas lutas, culminadas no dia 18 de agosto de 2005, quando estudantes e TAEs foram acusados de sequestro e formação de quadrilha, por terem ocupado o Conselho Universitário, que fizeram a proposta avançar (ver reportagem sobre o tema: http://eteia.blogspot.com.br/2012/12/condenados-por-lutar.html). Depois de toda essa batalha a bolsa passou a ser conhecida como bolsa permanência e já não havia mais a obrigatoriedade de o estudante prestar serviço.  Agora, ele tinha de se ligar a um projeto de pesquisa e atuar nele.

Foi uma vitória importantíssima de estudantes e TAEs, mas, com o passar do tempo, na prática, muito pouca coisa mudou. A bolsa permanência ainda obrigava os estudantes a se vincularem a algum projeto e, de novo, lá estavam eles, servindo de mão de obra para os setores carentes de técnicos administrativos em educação. Poucos eram os setores que garantiam aos estudantes as horas para estudo.

Por isso, a luta sempre se manteve. Qual o motivo que leva o estudante de graduação ser obrigado a uma contrapartida de trabalho, se os de pós-graduação tem outra política? Por que não haver uma isonomia nesse quesito? A impressão que se tinha era de que o empobrecido era penalizado duas vezes. Primeiro, por estar na condição de empobrecido e, segundo, por ser obrigado a realizar um trabalho em pagamento da bolsa. Isso, além de injusto, atrapalhava os estudos.

Toda essa discussão levou o governo federal a pensar numa nova política de bolsas que garantisse não só a permanência dos empobrecidos, agora em maior número por conta das políticas de inclusão, mas também a qualidade do estudo, sem a obrigatoriedade do trabalho.  Foi por conta disso que a UFSC teve de rever todo o processo de concessão de bolsas. Nesse sentido, uma comissão elaborou uma proposta que seria então debatida e aprovada no Conselho Universitário. 

Os avanços e os recuos

O avanço significativo da proposta era o de que com a nova política, o estudante de graduação não estaria mais na condição de trabalhador. Ele receberia a bolsa para estudar, e ponto.  Mas, a velha visão escravagista que parece nunca se acabar nesse país, não podia deixar o estudante apenas estudar. Havia que impor regras que tornassem muito claro a sua condição de “ajudado”. Assim, a proposta incluía um tempo máximo para o aluno receber a bolsa, índices de frequência, e outras exigências que falaremos a seguir. Para os estudantes, algumas dessas exigências eram inconcebíveis, uma vez que prejudicariam os alunos. Daí a necessidade de discutir mais e de buscar formas de convencer os conselheiros sobre o tema.

Na primeira parte do debate, na tarde do dia 20 de agosto, a sessão foi aberta. Nela, foram aparecendo os conflitos. Falaram os estudantes, falaram os técnicos, falaram os conselheiros. Mas, como sempre acontece na relação de poder entre professor e aluno, professores há que não conseguem dialogar sem se colocar numa posição de superioridade. A reunião degringolou a ponto de um conselheiro quase bater num aluno. Sem clima para prosseguir, estudantes e TAEs abandonaram o plenário, e a reunião foi suspensa. E como sempre acontece a culpa do “bafom” recaiu sobre os estudantes.

Na semana seguinte, nova reunião do conselho foi realizada para terminar o tema. Outra vez os estudantes solicitaram que a reunião fosse aberta. Mas, os conselheiros, indignados com o conflito da semana anterior, tinham restrições. Um representante do DCE teve direito a uma fala na qual tentava convencer os conselheiros sobre a necessidade de abrir o debate, permitir que mais estudantes participassem, numa sessão aberta. Segundo ele, não era legítimo que os estudantes seguissem reféns das decisões relacionadas à suas vidas tomadas em portas fechadas.  Que os conselheiros tivessem sensibilidade e ouvissem os estudantes. Alguns conselheiros riram alto, ridicularizando o estudante.

Depois, passou-se à discussão se devia ser aberta ou não a sessão. O diretor do CFH defendeu que fosse sessão fechada porque a discussão já havia sido realizada. Disse que não se sentia à vontade para uma sessão aberta e que não seria o “bafo no cangote” que deveria obrigar a isso. Também disse que eram poucos os estudantes na porta. “Se fossem cinco mil, aí sim”. Esse argumento foi rebatido pelo estudante Tito. Ele disse que não entendia qual o critério que orientava essa democracia. Em que cinco mil valiam mais do que os que estavam ali fora? Outros argumentos vieram contra e a favor, mostrando que o tema “democracia” ainda é um grande tabu. A universidade como instituição, consolidada no seu conselho máximo, mostra que não está preparada para enfrentar os conflitos naturais que se explicitam no cotidiano. Atuando na mentalidade de séculos passados, os conselheiros – maioria docente – ainda temem o debate aberto e livre. Tripudiam dos estudantes, como se eles não fossem capazes de serem sujeitos de suas existências.

Enquanto rolavam os debates sobre se a sessão abria ou não, lá fora, o grupo de estudantes aumentava. Não eram cinco mil, mas estavam reivindicando o seu direito de participar. Batiam tambores e cantavam palavras de ordem. Incomodados, os conselheiros se revezam na crítica à “desordem”.  Foram lembrados pela bancada dos técnicos que os estudantes sempre tiveram um importante protagonismo nas lutas sociais. Em 1918, na cidade de Córdoba, na Argentina, um pequeno grupo iniciou uma luta por melhoria do ensino e mais poder aos estudantes nas instâncias deliberativas. Eram poucos, mas a luta se espraiou por toda a América Latina e mudou a cara das universidades em todo o continente. Depois, em 1960, por conta de um tema prosaico, como o acesso aos dormitórios, os jovens franceses iniciaram um movimento que acabou mudando o mundo inteiro. Então, porque ser tão desrespeitoso com a luta dos estudantes por uma bolsa de estudos digna?

A presidente do Conselho, professora Roselane Neckel, se manifestou dizendo que a democracia tinha sido cumprida. “Democracia é ouvir e nós fizemos isso. Democracia se caracteriza pela maioria na votação e é o que fizemos aqui. Não devemos fazer defesas corporativas. Se faz política com argumentos que tenham veracidade”. Ficou uma certa perplexidade sobre o conteúdo desse conceito, mas, o conselho, concordando com o moralismo explícito na defesa, decidiu votar. Foram 24 votos contra 15 e a reunião seguiu a portas fechadas.  Votaram a favor da abertura, os técnicos-administrativos em educação, os estudantes e uns poucos professores.

Os pobres precisam ser gênios

A votação que se seguiu aportou mais uma discussão bastante reveladora do caráter conservador e quase escravagista do conselho da universidade. Estava em questão o tempo máximo que o estudante bolsista poderia receber o benefício. A proposta dos estudantes, apoiada pelos técnicos, era de que a bolsa deveria ser concedida no tempo máximo que qualquer aluno tem para cursar a faculdade. A comissão havia trazido a proposta de que o estudante só poderia ter mais dois semestres além do tempo mínimo, o que obviamente não era uma boa proposta. Imaginem que um aluno bolsista roda em determinada cadeira que só é oferecida uma vez ao ano, ele atrasa um ano do curso. Assim, ao estudante pobre estava sendo colocada a pressão de ser um verdadeiro gênio, sem possibilidade de reprovar. O vice-diretor do CSE chegou a propor que não se desse nem um semestre a mais além do tempo mínimo. Ou seja, com o pobre, todo o rigor. Outra professora ainda trouxe o argumento moral de que havia muitos outros pobres querendo a bolsa e que era preciso pensar em ampliar o número de bolsas e não pensar “corporativamente”. Foi um festival de absurdos.

A partir do governo Lula muitas foram as políticas de inclusão que permitiram um número bem maior de pessoas empobrecidas entrar numa universidade federal. Vieram as cotas para negros, as cotas para escola pública, para índios e, a cada ano, essas políticas abrem mais as portas das universidades para aqueles que, entrando, precisam de políticas de permanência. Mas, ao que parece, para uma grande parte dos dirigentes, essa realidade parece não ser visível. Segue a visão elitista, patriarcal, escravagista. A impressão que se tem é de que algumas pessoas acreditam realmente que os pobres, que não têm condições de bancar os estudos, não deveriam estar ali. São um incômodo. Não conseguem ver a bolsa como um direito. Ao final, chegou-se a uma proposta de que os bolsistas não teriam o tempo máximo e sim um acréscimo ao tempo mínimo sendo considerada a média aritmética do curso. Alguma coisa como um ano a mais, no geral.  Os técnicos administrativos em educação votaram contra. Entendiam que os bolsistas deveriam ter o mesmo prazo que qualquer outro aluno.

Depois ainda houve debates sobre dois pontos que envolviam aprovação e frequência e tetos máximos de benefícios. De novo, os velhos argumentos do século XIX. Os estudantes empobrecidos, para seguirem recebendo a bolsa devem ter 75% de frequência e aprovação em pelo menos 50% das disciplinas. Mas, não foi fácil chegar até aí. Muitas foram as opiniões leoninas sobre as regras para os pobres. De novo, a necessidade de serem gênios e serem submetidos ao rigor excessivo, como se eles tivessem de ser penalizados por estarem ali “atrapalhando o tráfego”. Defender que os estudantes bolsistas tivessem o mesmo tratamento que os demais era chamado de “defesa pequeno-burguesa”, seja lá o que for que isso signifique.

E assim terminou mais uma sessão do Conselho Universitário da UFSC, mostrando que ainda há muito que avançar na luta por uma universidade realmente libertadora, que respeite seus estudantes e que saia da síndrome da idade média. É espantoso observar alguns educadores explicitando posições que poderiam servir num senhor de escravos. Parece haver uma grande incapacidade de compreender que os tempos estão mudando, que a universidade vai sendo tomada por garotos e garotas da classe trabalhadora, que há uma parcela crescente de gente capaz de batalhar pelos seus direitos. Mas, ainda segue a igual incapacidade de lidar com o conflito de maneira aberta, no cara a cara. A democracia ainda engatinha na nossa UFSC.