segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O horário de verão

Por Hélio Rodak

Em função das recentes publicações sobre o recesso de fim de ano e do horário de verão, agora permeados pelo sistema de contabilidade de horas, tive o cuidado de registrar o custo de reposição de horas desses trabalhadores após o recesso de fim de ano (2 dias entre as semanas ou do natal ou do ano novo) e a prática do horário de verão (entre 22 de dezembro e 13 de fevereiro). E ressalte-se que a redação é enfática sobre reposição de horas, e não de trabalho.

Posto isso, são 16 horas pelo recesso e mais 64 horas pelo horário de verão, totalizando 80 horas. Diante disso, fiz as estimativas de reposição para 4 modelos distintos de jornada, os quais deixo para conhecimento e juízo dos colegas (estou ignorando as horas a serem repostas por outro plano de reposição, como a das notificações):
  • Reposição tipo 1: jornada de 10,00 horas diárias (8h+2h) - duração de 8 semanas (~2 meses)
  • Reposição tipo 2: jornada de 9,00 horas diárias (8h+1h) - duração de 16 semanas (~4 meses)
  • Reposição tipo 3: jornada de 8,50 horas diárias (8h+30min) - duração de 32 semanas (~7 meses)
  • Reposição tipo 4: jornada de 8,25 horas diárias (8h+15min) - duração de 64 semanas (~14 meses - impraticável)
Não pretendo nesse e-mail fazer "cavalo de batalha" quanto à Portaria Normativa n.º 43. Apenas destaco que a mesma não prevê questões de sazonalidade, e que quanto à duração da jornada ela diz em seu texto [sic"a carga horária diáriade trabalho será de oito horas e deverá ser distribuída de forma a atender às necessidades do setor".

Todavia, a se considerar a hipótese de que após um período de jornada de trabalho de 6 horas diárias eu automaticamente passasse a ter de seguir um regime temporário de 10 horas por 2 meses, ou 9 horas por 4 meses, ou 8,5 horas por 7 meses; eu considero mais prudente praticar uma linearidade de minha rotina de trabalho do que ficar à mercê de mais uma rodada de "planos de reposição" e riscos de notificação. Seria como reviver o recente episódio conflitivo de dívidas de hora, só que agora sem o registro de "faltas e atrasos" no contracheque. Algo ainda mais complexo àqueles que já estão tendo de cumprir a reposição de horas em função da última greve, que teriam de prolongar a prática dessas jornadas estendidas.
Reconheço minimamente vosso esforço enquanto Gestão para resolver as pendências dos descontos e de possíveis conflitos no horário de verão, ressalto que agora existe a baixa de 2 juristas dentro do governo universitário (saídas SEAI), de sorte que a compreensão legal dessas nuances fica fragilizada. As limitações da Gestão sobre esse tema se revelam em discursos como o de vosso Chefe de Gabinete em reunião de 29 de setembro do ano corrente sobre a questão dos descontos.


[sic] "Agora, olhe só se a gente não lança até dia 10: o desconto não seria de 25%, o desconto seria de 50%. Porque incide na folha de dezembro o 13.º, férias e tudo mais. Então, o prejuízo seria ainda maior pra essas pessoas..."

Isso não é apenas sinal de desconhecimento do sistema de folha de pagamento por parte da autoridade que diz algo assim perante uma câmera em uma reunião de discussão de um tema tão delicado. Isso é a expressão da política de Gestão de Pessoas que está em curso na UFSC, que possui fragilidades, que pode errar (e errar feio) com os números. Diante disso, fico na dúvida se o horário de verão, nos moldes da atual política de Gestão de Pessoas, é uma opção ou uma obrigação? Pois, sendo uma opção, posso escolher o que é melhor ou o "menos ruim". Mas, supondo que seja uma obrigação, isso significa que eu deveria acatar uma ordem de ficar em "dívida de horas" durante meses, correndo o risco de novas notificações e descontos em salário?

Repare-se que uma coisa é um sujeito eventualmente ter "dívida de horas" porque se dispôs a enfrentar um certo risco (ex.: Greve), inclusive o de ser acusado de "enriquecer ilicitamente" (ganhando por horas "não trabalhadas"). Outra coisa é, hipoteticamente, ele ser obrigado a "endividar-se" porque foi ordenado por outrem.

Por fim, não peço aqui uma resposta a esse questionamento, tão somente o sintetizo e o compartilho com e essa Administração ciente de que cedo ou tarde ele surgirá em alguns espaços públicos.



quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Bazar dos notificados



















Como o sindicato (Sintufsc) encerrou a greve interna dos trabalhadores da UFSC de maneira irregular, encerrando a assembleia logo após a tumultuada votação, os trabalhadores que tiveram seus pontos cortados, horas descontadas, anotações de saídas antecipadas e faltas registradas como "faltas injustificadas", ficaram a ver navios. Sem os regulares encaminhamentos de fim de greve que apontam caminhos para a negociação das punições - ademais injustas - houve o completo abandono dos companheiros e companheiras à sua própria sorte.

Solidários com os colegas punidos de maneira ilegal, trabalhadores da UFSC estão organizando um "Bazar dos Notificados", no qual, todas às quartas-feiras, no horário do meio-dia, venderão toda a sorte de pequenas coisas para arrecadar dinheiro visando cobrir os prejuízos que cada um dos companheiros está tendo por ter feito uma luta com o objetivo de manter a UFSC de portas abertas.

Abandonados pelo sindicato e pela reitoria, esses companheiros encontraram abrigo na solidariedade concreta de quem sabe que a luta não é crime e que, só unidos, podemos avançar na conquista de direitos. Assim, convocamos todos os colegas a trazer livros, discos, CDs, roupas, sapatos, eletrônicos, o que for, para colocar no bazar. Precisaremos arrecadar mais de 100 mil reais, para devolver aos compas que foram descontados. Também vamos colocar em circulação um livro ouro para a colaboração de demais pessoas, trabalhadores, colegas de outras categorias, que queiram ajudar os trabalhadores punidos por lutar.

Será um longo caminho, mas não podemos deixar os colegas sem um apoio agora. Participe todas as quartas-feiras, a partir do dia 12 de novembro, do Bazar dos Notificados. Vamos garantir um bonito natal - com salário integral - para os nossos bravos lutadores.

Contatos para doação: Elaine - no Iela/CSE - 99078877 - traga tudo o que puder. Quanto mais coisas vendermos, mais cedo cumpriremos a meta.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Administração faz promessa e não cumpre, outra vez!




Reunião com Elci hoje pela manhã

A última sexta -feira foi mais um dia de autoritarismo, desencontros e quebras de acordos por parte da reitoria da UFSC. Como já é de conhecimento público, os trabalhadores em greve tiveram seus salários cortados. Feito o desconto, de maneira completamente aleatória, pois ninguém sabe quais os mecanismos usados para efetuar a contagem das horas que os trabalhadores supostamente  faltaram, foi entrado com um recurso administrativo, justamente questionando esse mecanismo que, já se sabe, através do depoimento de vários chefes de departamento e coordenadores de cursos, não representa a verdade dos fatos.

Aí começa o drama kafkiano. Negado o recurso, os trabalhadores foram receber a ciência dessa negação e imediatamente pediram a cópia do processo para que tivessem acesso ao conteúdo do mesmo. Enfim, é direito de cada trabalhador saber qual foi o argumento usado para negar o recurso. Pois a administração se negou a dar a cópia dos processo, alegando que "daria muito trabalho ao setor fazer as cópias". Ora, a reitoria inventou um mecanismo de registro de frequência que muda a cada minuto e deveria saber que geraria recursos. É direito do trabalhador saber ao quê está dando ciência.

A recusa em dar as cópias dos documentos se baseou, segundo a secretária adjunta Juliana Blau, na Lei de Transparência, que dá à instituição um prazo de até 20 dias para entregar os documentos. Mas, a lei que rege o processo administrativo não tem nada a ver com a Lei de Transparência, e ela determina um prazo de cinco (5) cinco dias para que o trabalhador tenha ciência e, se julgar necessário, recorra novamente. O trabalhador tem o direito de saber sobre o processo e tem o direito de tirar a cópia no exato momento em que está dando ciência.  Como não houve acordo na Segesp sobre isso, os trabalhadores foram até o gabinete da reitora onde foram recebidos pelo chefe de gabinete, Carlos Vieira.

Depois de longa discussão ele pareceu entender que era um direito e prometeu juntar estagiários e realizar as cópias dos processos que estariam todos prontos no final da tarde de sexta-feira.   Por volta das 17h30min novamente os trabalhadores foram até a Segesp para pegar os documentos. Surpresos, foram recebidos por Carlos Vieira e Juliana Blau informando que não iriam dar os processos. E que se o trabalhador quisesse que entrasse com um recurso para pedir ampliação do prazo. Uma novela de terror e confusão.

Indignados com mais uma promessa não cumprida pelo chefe de gabinete, os trabalhadores se retiraram. Hoje pela manhã, com a presença do advogado do Sintufsc, os trabalhadores retornaram à Segesp para exigir os documentos. Encontraram a secretária Elci de volta ao seu cargo, depois de um período de afastamento. Ela recebeu a todos e ouviu os argumentos do advogado, que insistiu: os trabalhadores tem o direito de receber as cópias dos processos e em tempo hábil. Hoje já faz cinco dias que muitos deles receberam a ciência, portanto, a UFSC precisa garantir mais prazo para que possam entrar com recurso. Guilherme ainda se colocou à disposição para pegar os processos e providenciar as cópias, caso fosse complicado para o setor.  


Elci pediu um tempo para se inteirar de tudo, já que retomava o cargo nessa manhã e prometeu fazer contato com o advogado até o final da manhã. Pela forma respeitosa com que foram recebidos pela secretária Elci, os trabalhadores saíram com esperanças de que, dessa vez, possam ter acesso aos documentos. 

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

No CFH professores discutem a eficácia da portaria 43

Entrevista com a ex-chefe do Departamento de Antropologia, Miriam Hartung. Ela defende a discussão do relatório do Reorganiza.


A luta dos trabalhadores por um direito básico





Na Segesp








Com Carlos







 Exigindo os documentos




 
Os trabalhadores que tiveram seus salários descontados  - em torno de 200 - estiveram no departamento de pessoas da UFSC para fazer cópia do processo que gerou o desconto, pois  é sabido que eles tem o direito constitucional de ampla defesa e podem recorrer da decisão tomada pela reitoria. Mas, quando solicitaram a cópia dos documentos, houve a negativa por parte de uma das atendentes, sob a alegação de que "atrapalharia ao trabalho". E, apesar da explicação dos trabalhadores de que o prazo para entrar com recurso depois da decisão do desconto é de cinco dias, a colega trabalhadora alegou que seriam necessário até 15 dias para providenciar as copias. Ora, daqui há 15 dias já não há mais tempo hábil para o recurso. Houve protestos e a decisão da administração, em vez de garantir um direito, foi chamar a segurança.

No dia seguinte, lá estava o segurança, para "manter a ordem", segundo a fala de outro atendente do setor. Como o acesso ao processo que corta salário é um direito do trabalhador, hoje, após a assembleia, os TAEs seguiram em passeata até a Segesp - setor de pessoas  - para dialogar com a secretária Juliana sobre a necessidade de serem repassados os documentos até segunda feira, visto que na terça encerra-se o prazo para o recurso. Lá chegando foram informados de que a secretária havia ligado dizendo que estava doente e não viria ao setor. Foi pedido para falar com seu substituto. Não havia ninguém. 

Os trabalhadores buscaram outra chefia da Segesp, de outro departamento, para exigir a cópias dos processos. Ela disse que não podia liberar os documentos pois a chefe era a Juliana. Um jogo de empurra sem fim. Dentro de todo o setor de pessoal não havia ninguém com poder de solicitar as cópias dos documentos. A confusão se armou e uma das trabalhadoras da recepção passou mal. Esse é o terrível clima que a administração central criou na UFSC: mal-estar, doença e embate entre os colegas. 

Então, os trabalhadores foram até o gabinete da reitora. Alguém deveria estar no comando da universidade. Ao observar os trabalhadores chegando a colega da recepção da reitoria trancou a porta e sumiu. Os trabalhadores ficaram batendo na porta até que apareceu o Pró-Reitor de Administração, Antônio Carlos Montezuma, gritando para que calassem a boca. Os ânimos se acirraram. Os gritos continuaram até que apareceu o Pró-Reitor de Gradução , Julian Borba, Ele abriu a porta e disse que o chefe de gabinete estava vindo. 

Com a chegada de Carlos Vieira, os trabalhadores exigiram que o setor de pessoal entregasse os documentos devidos por direito. Ele se dirigiu até o setor e conversou com as chefias que se comprometeram a tirar as cópias dos processo até o final da tarde de hoje. 

O mais surpreendente é que, durante a conversa, soube-se que as reitoras não estavam na UFSC e que o reitor em exercício é o Pró-Reitor de Gradução, que simplesmente repassou o mando da universidade para o chefe de gabinete. Todo o poder ao Carlos. 

A conversa com o chefe de gabinete entrou pela manhã afora, com o mesmo mantendo a intransigência em manter os descontos, mesmo sabendo que os documentos que geraram os descontos estão cheios de irregularidades. Carlos insiste que a reitoria não reconhece a greve e que manterá os descontos. Segundo ele os documentos serão entregues hoje até as seis horas da tarde.
É muito importante que cada trabalhador, ao pegar a cópia do processo, revise os documentos. Devem constar da relação os seguintes documentos: boletim de frequência, folha de frequência e metodologia dos cálculos que foi usada para definir os descontos.

Ao receber a cópia, o trabalhador deve escrever na ultima folha do processo o seguinte texto: Recebi a cópia desse processo no dia 17 de outubro. No dia em que assinei a ciência solicitei a cópia e a mesma não me foi entregue. Portanto, o prazo para recursos deverá contar a partir dessa data e hora.  
Isso é importante para garantir o prazo dos cinco dias que existe para a entrada de recurso.
Hoje a administração deu mais uma mostra de intransigência, desrespeito aos direitos e incapacidade gerencial. Os trabalhadores seguem firmes na luta! Vão até o fim para provar que não foram impontuais nem tiveram faltas injustificadas. Há uma greve de trabalho, as tarefas estão sendo cumpridas, há pedidos de negociação. 

A greve foi deflagrada no dia 05 de agosto e tem como motivo o rompimento de acordos por parte da reitoria em debater com a comunidade universitária o processo de trabalho dos TAEs. 

Todos na Segesp hoje, às 17h


Chefe do departamento de Jornalismo fala sobre a portaria 43

CED rechaça a portaria 43

Professor da UFSC e vereador, Lino Peres, fala sobre a greve
























Solidarizo-me com a luta dos técnico-administrativos (TAS) da UFSC por ser mais do que justo o pleito das 30 horas semanais. Para além da questão jurídica, essa demanda expressa um projeto de Universidade voltado para o atendimento continuo da comunidade universitária. Portanto, avalio que a jornada de 30 horas semanais com a implantação de turnos contínuos – que já é normatizada – vem ao encontro do incremento da qualidade acadêmica.

O amplo debate é parte do ideário de uma Universidade democrática, com qualidade do ensino, pesquisa e extensão, projeto pelo qual tanto lutamos, em um espaço do livre pensar crítico em relação à sociedade e aos nossos atos, e em uma perspectiva plural e de respeito mútuo. Esse ideário precisa sempre pautar a relação entre a Administração, os docentes, servidores técnico-administrativos e estudantes e, nesta relação, e, neste ideário, está a reivindicação – que hoje é internacional – sobre a redução da jornada de trabalho. 

Trata-se de debate que não pode se pautar tão somente por aspectos legais, nos quais a Administração vem se baseando. Nesse sentido, é urgente que a Reitoria da UFSC restabeleça o diálogo e reavalie a decisão – inédita e com caráter punitivo - de corte salarial, pautando o debate não somente por seu viés jurídico, mas também pelo conteúdo acadêmico do pleito das 30 horas de jornada de trabalho.

Como professor e na qualidade de vereador desta Capital, me coloco à disposição para gestionar pela reabertura das negociações dos TAEs com a Reitoria, com base exatamente nos princípios que sustentaram o programa da  atual gestão.

Professor Lino F.B. Peres

Depoimento de Irineu Manoel de Souza



OS EQUÍVOCOS DA REITORIA DA UFSC EM RELAÇÃO AS DISCUSSÕES DA JORNADA DE 30 HORAS

Foram cometidos diversos equívocos por parte da Reitora em relação as discussões sobre as 30 horas reivindicadas pelos servidores técnicos administrativos em educação da UFSC. A responsabilização, das inconformidades apontadas pelo Ministério Público Federal, aos TAEs foi injusta, pois a origem de tal documento não foi a jornada de 30 horas. Assim, a imposição por parte da reitoria, articulada com os diretores de centro, da Portaria 43/2014, interrompeu as negociações que estavam ocorrendo e feriu de certa forma, o princípio da equidade, recomendável nas negociações coletivas. Foi ainda desconsiderada a natureza e a complexidade da instituição universitária, que conta com um corpo social de servidores docentes e técnicos com especificidades de atividades e horários de trabalho, onde é necessário o desenvolvimento contínuo de trabalho conjunto por parte dessas categorias de atividades administrativas, de pesquisa e de extensão universitária. Tais comportamentos favoreceram a ampliação de conflitos internos e constrangimentos entre os docentes e técnicos, contrariando os princípios saudáveis da gestão do trabalho e da gestão de pessoas numa universidade, onde deve prevalecer o conhecimento e não a hierarquia ou o poder de uma categoria sobre outra. 

Em relação ao mérito da jornada de 30 horas, de acordo com o Decreto nº 1.590/95, com nova redação dada pelo Decreto 4.836/2003, cabe ao dirigente máximo do órgão ou da entidade decidir sobre a conveniência ou não da implantação da jornada de 30 horas. Assim, a decisão da implantação ou não da jornada de 30 horas poderá ser tomada pela Reitora com base nos seguintes dispositivos legais: a) Artigo 207 da constituição federal que trata da autonomia universitária aqui transcrito: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”; b) Inciso XIV do artigo 7º também da constituição federal, que trata da dos direitos dos trabalhadores que diz: jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;”; c) Artigo 19 da Lei 8.112/90 que estabelece: “ Os servidores cumprirão jornada de trabalho fixada em razão das atribuições pertinentes aos respectivos cargos, respeitada a duração máxima do trabalho semanal de quarenta horas e observados os limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas diárias, respectivamente.”; e d) Artigo 3º do Decreto 1.590/95, com nova redação dada pelo Decreto 4.836/2003 que autoriza a jornada de seis horas, também aqui transcrito: “Quando os serviços exigirem atividades contínuas de regime de turnos ou escalas, em período igual ou superior a doze horas ininterruptas, em função de atendimento ao público ou trabalho no período noturno, é facultado ao dirigente máximo do órgão ou da entidade autorizar os servidores a cumprir jornada de trabalho de seis horas diárias e carga horária de trinta horas semanais, devendo-se, neste caso, dispensar o intervalo para refeições. Com efeito, a jornada de trabalho de 30 horas, já iniciada em outras IFEs, é legal.

Desta forma, os descontos de salários promovidos pela reitoria no período de greve, com o desenvolvimento, inclusive, de atividades laborais e em meio a negociações sobre a referida jornada de trabalho, são incompatíveis com a gestão democrática que deve ser adotada nas universidades, conforme estabelece o artigo 56 da Lei nº 9.394/96 (LDB): “As instituições públicas de educação superior obedecerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da comunidade institucional, local e regional.”.
Irineu Manoel de Souza - Professor do Departamento de Ciências da Administração do Centro Socioeconômico da UFSC.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Trabalhadores do CED são exemplo de educadores


Em meio ao vazio político e a um silêncio cúmplice de praticamente toda a universidade sobre as medidas antidemocráticas da reitora Roselane Neckel, que baixou portaria deliberando sobre a nova forma de controle de jornada de trabalho apenas dos técnico-administrativos, os chefes de departamento e coordenadores de cursos e de núcleos do Centro de Educação da UFSC encaminharam um documento à administração sobre o tema.  

No processo protocolado eles argumentam o seguinte:

1         - Não consta no regimento da UFSC que seja atribuição deles o controle de frequência dos técnicos-administrativos em educação.

2         - As chefias têm carga horária inferior a dos TAEs, logo não podem dizer com certeza se um trabalhador está ou não no setor. Além disso, são professores e pesquisadores com atividades em vários espaços do centro e da UFSC, o que faz com que não tenham como prestar informações sobre frequência com a segurança necessária.

3         - O processo de vigilância criou um ambiente de profundo constrangimento para os professores  que estão em cargos de chefia.

4         - Por fim, defendem o estabelecimento de relações de confiança e seriedade entre professores, técnicos e estudantes para garantir um atendimento eficiente, honrando o serviço público e vivenciando o diálogo.

O documento dos trabalhadores do CED chega num momento de impasse na greve dos trabalhadores, greve essa nascida justamente da intransigência da administração que não reconhece o papel democrático da universidade, que deve primar pelo diálogo fraterno entre os trabalhadores para a construção de uma proposta capaz de dar conta da especificidade do atendimento de uma instituição como a universidade.

Desde a sua decisão isolada de mudar o controle de frequência dos trabalhadores, a reitora insiste que foi uma ordem do Ministério Público. Não é verdade, o MP apenas indicou que deveria haver o controle, e a autonomia universitária permite que a administração defina a forma de atuar. E essa forma poderia ter sido discutida e construída em parceria com os TAEs, professores e estudantes, como já vinha sendo feito desde 2012.

Agora, com a manifestação oficial dos trabalhadores do CED, abre-se um caminho para que outros chefes também se manifestem sobre o tema.

A greve de ocupação, na qual os trabalhadores seguem cumprindo suas tarefas, sem paralisar os trabalhos, continua. Vários setores estão funcionando em turnos ininterruptos, propiciando a ampliação do atendimento.

As negociações seguem num impasse uma vez que o que foi discutido e acordado na última reunião não foi mantido pela administração que insiste em cortar o salário de quem está trabalhando, sem reconhecer que existe um movimento de greve. O salário foi cortado sob a alegação de que os trabalhadores estão sendo impontuais, mas, como bem reconhecem os chefes que subscrevem o documento do CED, os mecanismos usados pela administração – a ultrapassada folha-ponto - não dão conta de retratar a verdade dos fatos.  



sexta-feira, 10 de outubro de 2014

2º Ciclo de Debates sobre a Carreira - Avaliação de Desempenho.

Dando sequência aos Ciclos de Debate sobre a Carreira, convidamos todos os Técnicos-Administrativos em Educação (TAEs) para participarem do:

2º Ciclo de Debates sobre a Carreira
Quando? 14 de outubro às 9h (terça-feira)
Onde? Auditório da reitoria
Tema? Avaliação de Desempenho.


A avaliação de desempenho, como um processo pedagógico, coletivo e participativo, deverá ser utilizada para:
1. progressão por mérito profissional;

E para para subsidiar políticas de:
2. melhoria nas condições de trabalho;
3. de distribuição e movimentação de pessoas (dimensionamento);
4. de capacitação e;
5. saúde ocupacional.

E com isso, contribuir na elaboração do planejamento institucional e na melhoria da qualidade dos serviços prestados aos usuários.

Como está sendo discutido pela Segesp a elaboração de uma nova Resolução e um novo formulário, queremos a participação de todos os TAEs para subsidiar a atuação da CIS-UFSC.

Além disso, no formulário elaborado pela CIS no final do ano passado e cujos resultados apresentamos no “Boletim dos TAEs” anexo, os TAEs consideraram que tanto a avaliação de desempenho (68%) como a progressão na carreira (72%) eram um dos temas urgentes a serem trabalhados por esta Comissão.

Portanto, a participação de cada e todos os TAEs é fundamental!

CIS-UFSC

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Ato contra o corte de salário





Trabalhadores em luta contra o arbítrio


Ato no Hall da Reitoria
Sexta-feira
12h30min às 14h




Desde há anos os trabalhadores da UFSC fazem greve quando precisam lutar por direitos. No geral, a greve é a paralisação dos trabalhos. Setores importantes como BU, RU e coordenadorias fecham as portas, numa forma de pressionar o governo via protesto da comunidade. Nunca houve desconto de salário porque a lei ampara o direito de greve.

Esse ano, os trabalhadores decidiram por uma greve diferente. De portas abertas. Em vez de fechar, ampliar o atendimento, para que os estudantes que trabalham e estudam à noite possam desfrutar da vida da universidade e receber atendimento em horários como o do intervalo entre o meio-dia/duas e à noite. Assim, desde o dia 05 de agosto, acontece a greve de ocupação, na luta pela jornada em turnos de seis horas, uma batalha histórica de toda a classe trabalhadora.

E, pela primeira vez na história, uma reitoria penaliza o movimento grevista, mesmo com toda a gente trabalhando e cumprindo suas tarefas. Até hoje, mais de 165 trabalhadores já receberam um notificado de corte de salário, que varia de 200 reais a mais de dois mil reais, totalizando mais de 100 mil reais. Ninguém sabe o critério que as chefias usaram para esse desconto.

Para protestar contra mais essa arbitrariedade da reitora Roselane Neckel os “notificados”, junto com os demais colegas em greve, farão um ato de protesto e repúdio nessa sexta-feira, a partir das 12h30min, no saguão da reitoria. Serão montados varais com as notificações para que todos possam ver quem foi punido e quanto foi descontado. Além disso, haverá a entrega dos recursos individuais de cada notificação no protocolo da universidade, às 14horas.

Os trabalhadores convocam todos os colegas para acompanhar o ato. É muito importante a solidariedade de todos nesse momento. Porque se hoje são os já “notificados”, amanhã pode ser qualquer um, uma vez que a reitoria está descontando até as horas que os trabalhadores estão em assembleia da categoria, ou em representação sindical, configurando não apenas a completa quebra das regras democráticas, como também uma prática antissindical.  

Os que já foram notificados do desconto devem trazer uma cópia de sua notificação e também o modelo de recurso individual disponibilizado pelo advogado do SINTUFSC no endereço: (http://www.sintufsc.ufsc.br/wordpress/?p=11515).


As entregas ocorrerão conjuntamente, às 14 h. Venham todos, colegas professores, técnicos e estudantes.


quarta-feira, 1 de outubro de 2014

O silêncio da Magnífica Sereia: as ameaças da Reitora Roselane Neckel e os TAEs em greve















Primeiro, a lenda

Na última reunião de negociação da Administração Central da UFSC com a comissão de negociação do Comando de Greve da UFSC foi afirmado que haveria uma maneira de não realizar corte de ponto dos TAEs. O procedimento seria o de enviar uma notificação individual, que não constaria na pasta funcional dos TAEs notificados e seria arquivado. Na notificação constaria que o TAE “faltante” não deveria mais esquecer-se de assinar o ponto e, diante disso, todos estariam protegidos, tanto os TAEs, quanto a Administração Central, que não faria o duro trabalho de cortar ponto dos TAEs...
Essa é a lenda. Agora vamos aos fatos. 

Depois os fatos: porque o corte de ponto é uma ameaça sem sentido

Já nos encaminhamos para o fechamento da segunda folha salarial desde o princípio de nossa greve interna. Até o momento, a Reitoria da UFSC não se dignificou a participar de nenhuma reunião, burlou Regimentos Internos e descumpriu Leis Federais para não pautar o legítimo recurso da CIS solicitando a revogação da Portaria 43. Fez declarações públicas de que “servidores faltantes terão desconto de suas faltas”. Além disso, publicizou documento afirmando que a Procuradoria da República orientou o desconto de “servidores faltantes”. Em nenhuma das entrevistas ou documentos públicos a reitoria manifestou o que faria em situações de greve. Por qual motivo?

Porque a reitoria sabe que não pode encaminhar corte de ponto de trabalhador em greve, a menos que seja uma DETERMINAÇÃO da justiça. Ao contrário da iniciativa privada, em que tudo é permitido desde que não seja ilegal, no serviço público, como todos sabemos, o dirigente somente pode fazer o que a Lei obriga. E a reitora da UFSC não tem ordens para cortar o ponto de ninguém.

Por isso a greve tem sido tornada invisível, por isso as reportagens encomendadas não fazem uma única pergunta em relação à greve dos TAEs. Os TAEs em greve estão protegidos e a Administração Central sabe disso. Em um belo texto, o escritor tcheco Franz Kafka afirmou que o que há de mais perigoso nas sereias não é seu canto, mas seu silêncio. E não são as ameaças assustadoras da Reitora da UFSC que demonstram os movimentos de sua gestão, mas, ao contrário, é seu silêncio.

A greve tem de acabar para a reitora da UFSC impor sua magnífica ditadura sobre os TAEs, dobrar seus espíritos e sua luta crescente em defesa de uma universidade autônoma e democrática. E para que isso ocorra, o único artifício que resta à reitoria é ameaçar e ofertar acordos escusos para que os TAEs se amedrontem, dispersem, saiam de greve e se separem para, fracos, poderem ser esmagados por uma reitora que nunca vacilou quando pode esmagar os que lutam por uma universidade democrática. Mas unidos, em luta e em greve, a reitora nada pode fazer a não ser ameaçar e demonstrar o autoritarismo que usará contra todos aqueles que ela pode usar. E com os TAEs hoje, ela não pode!

TODOS À ASSEMBLEIA DE 02 DE OUTUBRO, A PARTIR DAS 9h
JUNTOS SOMOS FORTES!

A luta pelo HU

Estudantes, sindicalistas, populares, Fórum Catarinense em defesa do SUS, gente de todo o tipo que defende o Hospital Universitário totalmente público se reuniram, nesse dia 30 de setembro, na reitoria da UFSC, para acompanhar a sessão do Conselho que iria debater o tema. O assunto HU foi tirado da pauta, mas a luta se fez. Veja como foi.



sexta-feira, 26 de setembro de 2014

As lutas e os preços a pagar....


Por elaine tavares




O trabalhador dedica sua vida ao trabalho, por mais de 30 anos. É sério, pontual, responsável, faz tudo como manda o figurino. Então, por conta de uma impensada e autoritária medida, vê seu mundo girar em ponta-cabeça. Num átimo, se vê aos gritos com um professor que jogou seu nome na lama. Sente-se mal, sofre, busca lá no fundo da alma a serenidade para seguir fazendo o que sempre fez até que venha a aposentadoria. Coisa que muitos esperam, agora, com franca ansiedade. "Não precisava disso agora, no fim da minha carreira". 

O clima e tensão foi vivido no CSE, na manhã de quinta-feira. O chefe do departamento de Contabilidade, Luis Felipe,  foi aos jornais da cidade para denunciar que, ali, trabalhadores estavam fraudando as folhas-ponto, depois que uma portaria da administração central alterou o cotidiano do atendimento das coordenadorias de curso. Confrontado por um grupo de trabalhadores ele manteve sua denúncia e disse que vai até o fim para que se cumpra a lei. 

O clima no CSE se multiplica por toda a UFSC. Como a universidade tem cursos nos três turnos, os trabalhadores, ao longo dos anos, foram adequando sua jornada de trabalho às demandas dos cursos. Se há que atender à noite é preciso atuar em turnos. E isso sempre foi feito assim. A vida de centenas de pessoas estava organizada dessa maneira.

Com a portaria baixada pela reitora Roselane Neckel, a ordem era o atendimento comercial, de oito horas, deixando à margem centenas de alunos que estudam à noite e que trabalham. Muitos trabalhadores decidiram que não iriam excluir esses usuários da vida da UFSC e seguiram trabalhando em turnos. 

Em meio a tudo isso existe uma greve de ocupação, na qual os trabalhadores decidiram trabalhar em turnos de seis horas, mantendo a UFSC aberta nos três turnos. Mas, a decisão da assembleia é de que aqueles que aderirem à greve não devem assinar o ponto, não porque não queiram o controle, mas porque estão em greve.

Todas essas situações tem gerado o caos na universidade. Há os calvinistas, que querem a moralidade pela moralidade, há os que são moralistas só com de "abajo", há os que querem manter a UFSC aberta por que tem "pena" dos estudantes, há os que lutam pela bandeira histórica da redução de jornada, há os que querem atacar a administração, há os que defendem a administração sem criticidade. Tudo isso misturado tem provocado cenas como essa vivida no CSE. Trabalhadores de décadas, cumpridores de seu dever, que se sentem humilhados por estarem colocados numa vala comum de "vagabundos" ou "fraudadores". 

É uma situação que não precisaria ter chegado onde está. Quase uma guerra entre as categorias. Técnico-administrativos ofendidos pelas acusações do professores prometem uma caça às ilegalidades. "Vamos ver quem está dando aula certinho, quem está cumprindo horas de pesquisa, quem está fazendo extensão? Vamos vigiar os colegas? Vamos caçar o deslize do outro?"

Tudo isso poderia ser resolvido com uma boa dose de diálogo, que é o que pedem os trabalhadores. A universidade tem especificidades. Não é um estabelecimento comercial. A jornada de trabalho deve atender às demandas dos usuários, que são os estudantes, técnicos e professores, além da comunidade em geral. Há coisas acontecendo o tempo todo. Não se pode fechar às seis. Afinal, há aulas até Às 22. A administração deveria ter a sensibilidade de perceber que errou ao baixar uma portaria sem discutir antes com os trabalhadores. Deveria suspender a portaria e abrir o diálogo. Assim, professores como esse que denunciou colegas no CSE poderia compreender melhor a batalha pelas 30 horas, e os TAEs poderiam organizar de forma mais adequada o atendimento. Até porque os técnico-administrativos não fazem apenas atendimento ao público, eles também pesquisaM e fazem extensão. Muitas vezes, a jornada de trabalho invade os sábados, os domingos, as noites e ninguém ganha mais por isso. 

Mas, enquanto a reitoria segue disputando força com os trabalhadores, a vida cotidiana vai ficando rota. Colegas de anos mal se olham, mágoas se acumulam e o ambiente de trabalho fica doentio. Uma triste realidade para um lugar que deveria ser a casa do saber.

E assim, a greve segue, abrindo a UFSC e pagando o preço por isso.