quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Os TAES são chorões?


por elaine tavares

Toda reunião do Conselho Universitário tem sido uma batalha. Ao que parece, os TAEs (Técnico-Administrativos em Educação) são como os índios. Quando estão de boca fechada, as pessoas até acham bem bonitinhos. Mas, bastou se levantar, em rebelião, ou apenas reivindicar direitos, e já a coisa muda de figura. Nessa terça-feira (dia 10/09), no ponto que tratou da discussão da proposta que a Administração da UFSC apresentou para o CUn de "apreciação do cronograma e formação da comissão responsável pela organização da consulta à comunidade universitária sobre o regime de trabalho de 30 horas para os servidores técnico-administrativos em educação", percebeu-se de forma bem clara a visão  que os colegas professores tem do trabalho dos TAEs: totalmente irrelevante. Verificaram-se as posições que já haviam aparecido em outras sessões. 

É bom lembrar que o ponto em questão não tinha sido reivindicado pelos TAEs. Já havia acontecido uma reunião com o  Chefe de Gabinete, quando foi entregue um abaixo assinado com mil assinaturas solicitando um retorno da gestão sobre o Relatório do GT Reorganiza UFSC. Naquele momento, o representante da administração informou que a reitoria iria se manifestar até o dia 16/08, apresentando uma proposta de discussão pública do relatório. Mas, isso não aconteceu e, dias depois, esse tema apareceu como pauta no CUn, apresentado pela administração da UFSC.

Surpreendidos com essa ação os TAEs, representantes no CUn, encaminharam à administração outra proposta de debates nos Centros, entendendo que não caberia ao CUn a discussão de formação da comissão de organização dos debates, muito menos elaborar agendas. O que cabe ao CUn é a apreciação e proposição de políticas referentes ao tema, que deveriam ser discutidas em momento oportuno e definidas conjuntamente com as partes interessadas. Mas, a administração preferiu fazer ouvidos moucos e encaminhou ao CUn, gerando animosidade com relação à demanda.  Tanto que nas argumentações que acabaram vencedoras a questão colocada era: há coisas mais importantes para tratar na UFSC do que os problemas relacionados aos TAEs, tais como desvio de função, assédio moral e atendimento aos usuários. O conselheiro Cancellier , do CCJ, chegou ao ponto de dizer que essa era uma questão meramente sindical e que deveria ser tratada no fórum sindical. Desqualificou assim os seis conselheiros eleitos pela categoria dos TAEs para defender, dentro do Conselho, os interesses dos trabalhadores.

Já os conselheiros representantes do TAEs argumentaram que, já que o tema tinha sido proposta pela reitoria, seria importante o Conselho apontar à administração a necessidade da discussão exaustiva e o debate transparente em todos os espaços da UFSC, incluindo também os Centros, já que isso não estava acontecendo. Entendiam que não se tratava de discutir o cronograma de reuniões  - isso sim uma questão meramente prosaica. Mas, o que estava em questão era a compreensão do CUn sobre a importância de se fazer esse debate da maneira mais democrática possível, levando a informação para todos os trabalhadores - TAEs ou docentes - afinal, todos estão envolvidos no tema. Lembraram ainda que o relatório do Reorganiza - um documento de quase 500 páginas  - não trata apenas das 30 horas. Ele traz informações importantes sobre toda uma sorte de problemas que os TAEs vivenciam no seu cotidiano e que repercutem na vida de todos os que aqui trabalham e estudam.

Mas, apesar de toda a argumentação, os demais conselheiros não entenderam ou não quiseram entender a proposição de discussão que os TAEs apresentavam. Segundo algumas falas, tudo isso é meramente administrativo. A posição dos conselheiros, desgraçadamente, reforça o velho preconceito que existe dentro da universidade sobre o trabalho dos TAEs. Podem-se levar cinco ou seis sessões falando de problemas “administrativos” de professores, mas os dos TAEs são apenas perda de tempo.

Chorões?

Isso ficou ainda mais claro na mesma reunião do Conselho, quando outro tema - igualmente chamado de "administrativo" - foi discutido. Tratava-se do requerimento dos trabalhadores eleitos para CIS (Comissão de Carreira) para que o CUn desse parecer sobre condições estruturais os trabalhadores exercerem suas funções, visto que os pedidos protocolados junto à administração se arrastam, sem que tenham resposta.  Uma sala para a CIS, um assistente, materiais de consumo, coisas necessárias para o andamento do trabalho. O relator do processo argumentou que tudo isso poderia ter sido resolvido no âmbito administrativo, e não precisava vir ao CUn,  mas recomendou que a CIS fosse logo incluída no organograma da UFSC, que fosse alocado o espaço físico e que a CIS apresente em 30 dias o seu regimento e plano de trabalho. A pró-reitora,  Roselane Campos informou que já havia a resposta da Proplan sobre o tema, propondo que os membros da CIS trabalhem junto com a Segesp, sem um espaço específico.

O conselheiro Helio, lembrou que a proposta da reitoria de colocar a CIS dentro da Segesp é completamente esdrúxula, uma vez que a comissão tem como função, inclusive, fiscalizar a UFSC na aplicação do Plano de Cargos, logo, não tem como ficar junto, uma vez que pode haver tentativa de interferência.  O conselheiro Gabriel sugeriu que pode não ser possível apresentar um plano de trabalho uma vez que a comissão ainda não conseguiu se reunir.

Foi aí que a vice-diretora do CFH, Sônia Maluf, resolveu falar sobre a avaliação dos professores. Disse que entre seus pares, a avaliação é feita no departamento e que a CPPD  só auxilia na contagem dos pontos, logo não dava para comparar. Também informou que os técnicos são avaliados pelas suas chefias, não cabendo isso à CIS. E ainda disse que os trabalhadores estavam equivocados em chamar a CIS de um direito, já que para os professores a CPPD não o era. Não sabe, obviamente, a professora - mesmo os TAEs tendo explicado - que a CIS não é uma comissão para avaliar os trabalhadores e sim para acompanhar a UFSC e fiscalizar se está cumprindo com a lei que criou o novo Plano de Cargos dos trabalhadores.

Mas a pior do dia foi a fala da pró-reitora de Pós-Graduação, Joana Pedro, que pediu aos TAEs para não fazer do CUn um muro de lamentações, como se a aos trabalhadores não coubesse reivindicar nada no conselhos. Ficar com a boca fechada, talvez seja essa mensagem. Os TAEs rebateram dizendo que só estavam trazendo aqueles temas ao Conselho, justamente porque a administração não estava dando respostas.   De qualquer forma, a frase de Joana é bastante emblemática. O que fica de espanto é que são os colegas professores que se dizem do campo da esquerda que tem tido as posições mais belicosas contra os TAEs dentro do Conselho.

Para a bancada dos TAEs, a atuação no Conselho não é uma guerra. Ninguém ali está disposto a travar batalhas intraclasse. Respeitam os professores como colegas, mas não se furtarão ao debate constante sobre a Universidade e seus reflexos na sociedade, bem como não se calarão quando forem achincalhados ou desqualificados tal qual aconteceu na manhã do dia 10. Os TAEs não estão ali chorando, ou lamentando. Estão reivindicando seus direitos e ajudando a fazer uma universidade melhor.  E assim, continuarão! 

2 comentários:

Sônia W. Maluf disse...

Cara Elaine, desculpa me intrometer novamente no blog dos TAES, mas como fui citada de novo, acho que tenho direito de resposta. Novamente seu relato que omite grande parte da verdade, distorce o que se disse, desqualifica qualquer outra posição que não seja a sua (ou a dos TAES). Quando eu falei da CPPD, foi em resposta a uma intervenção de um dos técnicos que disse que a CIS era uma forma de isonomia em relação aos docentes, que já tinham a sua CPPD. O que eu falei é que não era uma comparação muito feliz, pelo significado que tem a CPPD para os docentes - bom é só ver o vídeo. A profa. Joana Pedro fez uma intervenção defendendo a proposta dos TAES, e concluiu dizendo que essa questão poderia ser resolvida com a administração (o calendário de discussão). Interessante que muitas coisas foram ditas, mas o alvo, sempre, são todos professores e professoras do CFH.

Sônia W. Maluf disse...

Cara Elaine, desculpa me intrometer novamente no blog dos TAES, mas como fui citada de novo, acho que tenho direito de resposta. Novamente seu relato que omite grande parte da verdade, distorce o que se disse, desqualifica qualquer outra posição que não seja a sua (ou a dos TAES). Quando eu falei da CPPD, foi em resposta a uma intervenção de um dos técnicos que disse que a CIS era uma forma de isonomia em relação aos docentes, que já tinham a sua CPPD. O que eu falei é que não era uma comparação muito feliz, pelo significado que tem a CPPD para os docentes - bom é só ver o vídeo. A profa. Joana Pedro fez uma intervenção defendendo a proposta dos TAES, e concluiu dizendo que essa questão poderia ser resolvida com a administração (o calendário de discussão). Interessante que muitas coisas foram ditas, mas o alvo, sempre, são todos professores e professoras do CFH.