Em meio ao vazio político e a um silêncio cúmplice de praticamente
toda a universidade sobre as medidas antidemocráticas da reitora Roselane
Neckel, que baixou portaria deliberando sobre a nova forma de controle de
jornada de trabalho apenas dos técnico-administrativos, os chefes de departamento
e coordenadores de cursos e de núcleos do Centro de Educação da UFSC
encaminharam um documento à administração sobre o tema.
No processo protocolado eles argumentam o seguinte:
1
- Não consta no regimento da UFSC que seja
atribuição deles o controle de frequência dos técnicos-administrativos em
educação.
2
- As chefias têm carga horária inferior a dos
TAEs, logo não podem dizer com certeza se um trabalhador está ou não no setor.
Além disso, são professores e pesquisadores com atividades em vários espaços do
centro e da UFSC, o que faz com que não tenham como prestar informações sobre
frequência com a segurança necessária.
3
- O processo de vigilância criou um ambiente de
profundo constrangimento para os professores
que estão em cargos de chefia.
4
- Por fim, defendem o estabelecimento de
relações de confiança e seriedade entre professores, técnicos e estudantes para
garantir um atendimento eficiente, honrando o serviço público e vivenciando o diálogo.
O documento dos trabalhadores do CED chega num momento de
impasse na greve dos trabalhadores, greve essa nascida justamente da
intransigência da administração que não reconhece o papel democrático da
universidade, que deve primar pelo diálogo fraterno entre os trabalhadores para
a construção de uma proposta capaz de dar conta da especificidade do
atendimento de uma instituição como a universidade.
Desde a sua decisão isolada de mudar o controle de
frequência dos trabalhadores, a reitora insiste que foi uma ordem do Ministério
Público. Não é verdade, o MP apenas indicou que deveria haver o controle, e a
autonomia universitária permite que a administração defina a forma de atuar. E
essa forma poderia ter sido discutida e construída em parceria com os TAEs,
professores e estudantes, como já vinha sendo feito desde 2012.
Agora, com a manifestação oficial dos trabalhadores do CED,
abre-se um caminho para que outros chefes também se manifestem sobre o tema.
A greve de ocupação, na qual os trabalhadores seguem
cumprindo suas tarefas, sem paralisar os trabalhos, continua. Vários setores
estão funcionando em turnos ininterruptos, propiciando a ampliação do atendimento.
As negociações seguem num impasse uma vez que o que foi
discutido e acordado na última reunião não foi mantido pela administração que
insiste em cortar o salário de quem está trabalhando, sem reconhecer que existe
um movimento de greve. O salário foi cortado sob a alegação de que os trabalhadores
estão sendo impontuais, mas, como bem reconhecem os chefes que subscrevem o
documento do CED, os mecanismos usados pela administração – a ultrapassada
folha-ponto - não dão conta de retratar a verdade dos fatos.
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