quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Trabalhadores do CED são exemplo de educadores


Em meio ao vazio político e a um silêncio cúmplice de praticamente toda a universidade sobre as medidas antidemocráticas da reitora Roselane Neckel, que baixou portaria deliberando sobre a nova forma de controle de jornada de trabalho apenas dos técnico-administrativos, os chefes de departamento e coordenadores de cursos e de núcleos do Centro de Educação da UFSC encaminharam um documento à administração sobre o tema.  

No processo protocolado eles argumentam o seguinte:

1         - Não consta no regimento da UFSC que seja atribuição deles o controle de frequência dos técnicos-administrativos em educação.

2         - As chefias têm carga horária inferior a dos TAEs, logo não podem dizer com certeza se um trabalhador está ou não no setor. Além disso, são professores e pesquisadores com atividades em vários espaços do centro e da UFSC, o que faz com que não tenham como prestar informações sobre frequência com a segurança necessária.

3         - O processo de vigilância criou um ambiente de profundo constrangimento para os professores  que estão em cargos de chefia.

4         - Por fim, defendem o estabelecimento de relações de confiança e seriedade entre professores, técnicos e estudantes para garantir um atendimento eficiente, honrando o serviço público e vivenciando o diálogo.

O documento dos trabalhadores do CED chega num momento de impasse na greve dos trabalhadores, greve essa nascida justamente da intransigência da administração que não reconhece o papel democrático da universidade, que deve primar pelo diálogo fraterno entre os trabalhadores para a construção de uma proposta capaz de dar conta da especificidade do atendimento de uma instituição como a universidade.

Desde a sua decisão isolada de mudar o controle de frequência dos trabalhadores, a reitora insiste que foi uma ordem do Ministério Público. Não é verdade, o MP apenas indicou que deveria haver o controle, e a autonomia universitária permite que a administração defina a forma de atuar. E essa forma poderia ter sido discutida e construída em parceria com os TAEs, professores e estudantes, como já vinha sendo feito desde 2012.

Agora, com a manifestação oficial dos trabalhadores do CED, abre-se um caminho para que outros chefes também se manifestem sobre o tema.

A greve de ocupação, na qual os trabalhadores seguem cumprindo suas tarefas, sem paralisar os trabalhos, continua. Vários setores estão funcionando em turnos ininterruptos, propiciando a ampliação do atendimento.

As negociações seguem num impasse uma vez que o que foi discutido e acordado na última reunião não foi mantido pela administração que insiste em cortar o salário de quem está trabalhando, sem reconhecer que existe um movimento de greve. O salário foi cortado sob a alegação de que os trabalhadores estão sendo impontuais, mas, como bem reconhecem os chefes que subscrevem o documento do CED, os mecanismos usados pela administração – a ultrapassada folha-ponto - não dão conta de retratar a verdade dos fatos.  



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