terça-feira, 19 de agosto de 2014

Sobre o ponto na UFSC


A greve na UFSC se aprofunda, com muitos setores aderindo às seis horas, com atendimento ininterrupto de pelo menos 12. Mas seguem as pressões de chefias e o medo ainda é uma força considerável. Um tema que tem preocupado os trabalhadores é se devem assinar ou não o ponto, afinal, já está chegando o fim do mês e um relatório de frequência deverá ser encaminhada ao setor de pessoal.

O importante, aos setores em greve, é tomar consciência de que existe uma greve. Se há uma greve, é natural que não se assine o ponto, mesmo que, no caso, estejamos trabalhando. Esse é um movimento diferente e decidimos mostrar à sociedade como pode funcionar a lógica de portas abertas. É um processo de luta.

Em alguns setores - em greve ou não – os TAEs estão adotando o procedimento de assinar o ponto como oito horas cumpridas, mas, na verdade, os trabalhadores estão cumprindo apenas seis. Isso é perigoso porque pode haver denúncia e aí todos os TAEs envolvidos – inclusive as chefias – estarão assumindo uma fraude. Aí sim estarão correndo risco, bem maior do que não assinar o ponto agora. É devido à denúncia deste tipo de prática, aliás, que o Ministério Público vem, desde 2004, investigando a UFSC. E, aliás, é justamente contra este tipo de prática – dos acordos informais, que, mesmo que às vezes bem-intencionadas, transformam a jornada de trabalho em moeda de troca de favores políticos – que lutamos.

Também verificamos casos de setores em que os TAEs aderiram à greve, cumprindo seis horas, mas estão assinando o ponto como seis horas cumpridas. Isso não é bom, porque se houver corte de ponto por causa da greve, isso pode servir como prova de que o trabalhador não estava cumprindo a carga horária de oito, conforme manda a portaria. Assim, se está em greve, não assinar o ponto gera menos risco do que assinar as seis horas.

É muito importante que os chefes de setor em greve - que são nossos colegas e devem respeitar nosso movimento - encaminhem ao setor de pessoal a informação de que o setor está em greve. O estado de greve legitima a não-assinatura do ponto. Vale, portanto, conversar com os colegas e as chefias e, em caso de intransigência ou violência e assédio, chamar a comissão de mobilização mediar o problema.

Caso as chefias enviem um relatório afirmando que os grevistas não trabalharam, há uma série de maneiras de comprovar a falsidade dessa afirmação: testemunho de colegas, comprovação de atividades realizadas, registros de vídeo nos locais onde há câmeras, etc. Nenhum chefe pode assinar a frequência de um trabalhador com informação falsa. Isso pode gerar um inquérito administrativo – e até criminal – para ele mais tarde.

A melhor coisa a fazer é apoiar os colegas e informar: SETOR EM GREVE. A greve é nosso direito, e, se não concordamos com essa forma de controle de frequência que nos foi imposta, é a greve o que melhor nos respalda para não compactuarmos com o ponto. Nossa segurança – inclusive a das chefias – está na greve, e não no ponto.

É certo que há medo e insegurança, mas se todos agirem da mesma forma, garantindo o reconhecimento da greve, ficaremos todos mais fortes. Um ajuda o outro a segurar o movimento em alta.

A hora é agora, colegas. Ou lutamos ou deixamos que essa administração nos trate como trabalhadores de segunda ordem.

Não registre o ponto. Exija que seu chefe reconheça o movimento.

Estamos em greve!
Até a vitória!

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